Nas últimas semanas o mundo assiste a uma grave crise econômica, iniciada nos Estados Unidos por causa da inadimplência no mercado de imóveis. Os mais alarmistas já pensam em uma onda caótica de desemprego e falências, além de inflação e salários menores.
Segundo Fábio Kanczuk, professor doutor da Universidade de São Paulo, a quebra de bancos americanos foi conseqüência da crise no mercado imobiliário do país, que derrubou o valor dos imóveis e fez com que as pessoas desistissem de pagar pelos financiamentos. “Foram feitos empréstimos descuidados e agora a grande dúvida é se os bancos conseguirão recuperar esse dinheiro”, explica.
E o Brasil?
No último dia 15, quando a crise estourou, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou o pior índice desde 11 de setembro de 2001, dia dos ataques terroristas aos Estados Unidos.
Quem investe na bolsa sentiu o baque logo. O dinheiro que sai da Bovespa é investido em dólares, o que levanta a preocupação com relação à valorização da moeda norte-
americana. Por isso, os seis principais bancos do mundo se uniram em uma ação coordenada e irão, entre outras medidas, injetar mais de US$ 180 bilhões (R$ 342 bilhões) para frear o aumento da cotação da moeda americana.
O professor Fábio Kanczuk diz que, dessa vez, o Brasil está protegido porque não deve nada em dólares e está cheio de reservas na moeda estrangeira. Mas nem tudo é calmaria por aqui. “O Brasil está desacelerando. O efeito da crise em si vai ser pequeno, mas os juros e a inflação iriam acontecer de todo jeito”, afirma. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que, em 2008, nada muda na economia brasileira, mas, de acordo com ele, o Brasil pode sentir algum efeito da crise americana em 2009.
Luiz Jurandir Simões Araújo, consultor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), diz que não é preciso entrar em pânico. Para ele, em curto prazo, o mercado vai continuar tenso, mas, no longo prazo, é pouco provável que hajam grandes conseqüências. Em uma coisa os especialistas concordam: a hora é de guardar dinheiro.
F.Uni/Por Andrea Dip