O Congresso americano analisa o comportamento da companhia de segurança privada Blackwater em uma sessão que deve se prolongar por esta terça-feira. O fundador da companhia, um ex-membro de elite da Marinha americana, Erik Prince, 38, disse no Congresso que sua equipe agiu de maneira apropriada no dia 16 de setembro.
O governo iraquiano acusa a empresa de abrir fogo indiscriminadamente contra civis na praça Nisour, em Bagdá, no dia 16 de setembro, provocando a morte de 11 civis –incluindo uma mulher com uma criança nos braços.
Khalid Mohammed /AP
Helicóptero da Blackwater sobrevooa Bagdá; presidente da companhia foi ao Congresso
O acontecimento provocou uma forte reação do governo iraquiano, com pedidos de cassação da empresa e sua retirada do país. A Blackwater é uma das três companhias de segurança privadas utilizadas pelo Departamento de Estado dos EUA e já esteve envolvida em outros episódios polêmicos.
A Blackwater recebeu em diversos contratos com o governo americano mais de US$ 1 bilhão (R$ 1,8 bilhão) desde 2001 e possui cerca de 1.000 funcionários no Iraque.
O jornal nova-iorquino “The New York Times” publicou na última sexta-feira (28) uma versão obtida de um relatório sobre o tiroteio que apontava para um erro de procedimento.
“Há uma pressa em julgar baseada em informações imprecisas e muitos relatos públicos erroneamente culparam a Blackwater pela morte de um número variado de civis”, disse Prince no Congresso.
“O Congresso não deve aceitar estas alegações como verdade até que obtenha fatos”, afirmou o fundador da companhia.
Prince também disse que 30 de seus funcionários já morreram no Iraque ao tentar proteger membros do Departamento de Estado americano.
“Não há melhor prova da capacidade e dedicação destes homens”, disse Prince.
O legislador Henry Waxman, um democrata do Estado americano da Califórnia, disse que há diversas questões sobre a performance da Blackwater e que o tiroteio de 16 de setembro foi o último de uma lista de acontecimentos.
“A Blackwater, uma companhia privada de segurança, ajuda ou trabalha nossos esforços no Iraque?”, perguntou Waxman.
Prince afirmou que seus homens reagiam a um tiroteio. “Deixe-me ser claro que nós consideramos isto trágico [a morte de inocentes durante a operação]”, afirmou Prince.
“Toda vida, seja de um americano ou de um iraquiano, é preciosa”, disse o ex-militar.
Prince disse que há normas que providenciaram um nível adequado de fiscalização dos terceirizados em zonas de conflito. No entanto, ele afirmou que mais pode ser feito neste sentido.
Sobre a acusação de que homens em helicópteros teriam atirado, Prince negou que isto tenha ocorrido. Ele disse que os helicópteros serviam como apoio à missão, mas que não chegaram a disparar.
O FBI (Birô Federal de Investigação) abriu investigação sobre o ocorrido em 16 de setembro na praça Nisour.
FOl