O Brasil deve aproveitar os benefícios de uma relação próxima tanto com Israel como com os países árabes, sem que para isso seja preciso se envolver no conflito entre israelenses e palestinos. Esta é a recomendação do embaixador da Palestina, Ibrahim Alzeben, que, na qualidade de decano, fala em nome dos embaixadores das nações muçulmanas em Brasília.
“Para que comprar uma briga que não é sua? A interferência de qualquer país deve ser feita no sentido de apoiar o diálogo e uma solução pacífica entre as partes. Qualquer outro tipo de interferência pode gerar a discórdia e o conflito”, afirmou o embaixador da Palestina .
Junto com 36 embaixadores de países islâmicos, Alzeben participou, na noite de quarta-feira, de um jantar com o presidente Jair Bolsonaro e os ministros das Relações Exteriores e Agricultura, Ernesto Araújo e Tereza Cristina. Na ocasião, Bolsonaro disse que o Brasil é parceiro de todos os países, sem exceção. Porém, não mencionou dois pontos delicados que abalaram as relações com os árabes: a instalação de um escritório de negócios em Jerusalém e uma possível transferência, para a mesma cidade, da embaixada brasileira em Tel Aviv.
Israel , que ocupou o setor oriental (árabe) de Jerusalém na Guerra do Seis Dias, em 1967, considera a cidade sua capital “única e indivisível”, mas a anexação do setor árabe não é reconhecida pela ONU, e os palestinos reivindicam Jerusalém Oriental como capital de seu futuro Estado.
“O Brasil deve ficar longe deste conflito e tirar vantagem das coisas boas, como a tecnologia israelense, o mercado árabe e o turismo religioso na Palestina. Como um país neutro, o Brasil evita problemas alheios e faz proveito do que é positivo, como sempre fez em sua política externa”.
Segundo o diplomata da Palestina , o jantar de quarta-feira foi conciliatório e abriu espaço para o diálogo. Para o governo brasileiro, destacou Alzeben, foi uma oportunidade para mostrar seu interesse em ter uma posição equilibrada.