Bem-vindos a Guantánamo, onde o seu guia turístico nunca vai sair do seu lado, mas pode não ser capaz de responder a nenhuma das suas perguntas.
Várias vezes por mês os militares americanos levam jornalistas para um passeio pelo campo de detenção, em um esforço para esclarecer o que dizem ser “equívocos comuns” sobre a forma como seus 176 prisioneiros são tratados.
Os tours – parte de um pacote completo com hospedagem, transporte terrestre e três refeições por dia no refeitório da Marinha – oferecem o que o Pentágono promove como uma “espiada” nos bastidores de uma das missões mais secretas do governo na luta contra o terrorismo.
Descobrir qualquer informação sobre o sistema penitenciário e os tribunais militares que operam na zona cinzenta constitucional que é Guantánamo sempre foi difícil para jornalistas e observadores não-governamentais que trabalham aqui.
E esta semana, com o início do primeiro julgamento militar desde que o presidente Barack Obama tomou posse, a questão do acesso dos jornalistas se tornou um ponto particularmente tenso de disputa entre o Pentágono e a mídia.
Autoridades militares e advogados das organizações de notícias que estão disputando as regras implementadas pelo Pentágono em Guantánamo, incluindo o “The New York Times”, estão trabalhando para chegar a um acordo sobre condições que permitam uma maior abertura.
Por enquanto, porém, os jornalistas que cobrem o julgamento de Omar Khadr, que foi capturado no Afeganistão aos 15 anos de idade em 2002, se veem em um ambiente onde as informações mais básicas sobre as identidades dos presos e os detalhes do processo legal contra eles são mantidas longe do público.
Durante suas visitas, os jornalistas devem concordar com os limites impostos sobre o que podem relatar e documentar.
Entre os pontos de desacordo entre a mídia e os oficiais de relações públicas da base estão as regras que restringem os tipos de fotos que podem ser tiradas. Todas as imagens gravadas na câmera de um jornalista são revisadas na base naval – independentemente de terem sido tiradas no local.
As distinções entre o que é ou não uma fotografia aceitável podem parecer contraditórias. Imagens de torres de guarda ocupadas passam pelos censores. Fotos das mesmas torres vazias não.
Os militares dizem que isso é feito para que os inimigos dos Estados Unidos não possam identificar quais torres são ocupadas, apesar de os guardas passarem por todas elas em rotação.
Fotos de partes das instalações de detenção onde não existem torres de vigia são geralmente aceitáveis, como são fotos de placas que dizem “Não Fotografe”. Qualquer foto ou vídeo que capture o menor esboço de uma torre de água ou uma antena será apagada.