Já chega a 65% o índice de vendas à vista de gado de corte em Mato Grosso.
Os dados são do último levantamento de abril feito pelo Instituto
Matogrossense de Economia Agropecuária (Imea). Este cenário é bem diferente
do que tradicionalmente ocorria em anos anteriores, quando a indústria
frigorifica comandava as negociações e cerca de 90% dos pagamentos eram
realizados a prazo. “Há muito tempo as indústrias frigoríficas vinham
comprando bois, sempre pagando o produtor com 30 dias de prazo. Este modelo
de comercialização ficou tão natural, que passou a fazer parte da rotina do
pecuarista que durante anos se esqueceu da possibilidade de se vender boi de
outra maneira”, disse o coordenador de pecuária da Famato, Carlos Augusto
Zanata.
A mudança neste perfil e quebra de paradigma se deve à campanha “Gado só à
vista” iniciada em junho de 2009, pela Federação da Agricultura e Pecuária
de Mato Grosso (Famato) juntamente com outras entidades de classe no Centro
Oeste. No momento as indústrias passavam por sérias dificuldades econômicas,
o que refletiu diretamente no pagamento aos pecuaristas. “A campanha trouxe
mais segurança ao produtor, que se via prejudicado pela crise e o medo de
novos problemas, mas foram esses fatores que levou a classe produtora a se
organizar e juntos, mudarem o modelo de comercialização, iniciando assim as
vendas só a vista”, disse o presidente da Famato, Rui Prado.
Em MT tem aproximadamente 27 milhões de cabeças. No primeiro trimestre de
2010, por exemplo, o volume de carne bovina exportado por Mato Grosso foi de
47.237 mil toneladas (equivalente carcaça), havendo uma queda de 1,19% em
relação ao último trimestre do ano passado. Apesar da queda do trimestre, no
mês de março o estado enviou para o exterior 17.774 toneladas, um aumento de
21,93%, em relação ao mês anterior. Deste modo, as embarques deste início de
ano se mantêm acima da média do ano passado (46.415 toneladas) e 34,81%
acima do primeiro trimestre de 2009.
De acordo com Zanata, com os casos de inadimplência deixaram de circular no
Estado cerca de R$ 140 milhões, que provavelmente seriam aplicados em
investimentos no setor.
A mudança de atitude não se limitará somente a carne, os produtos oriundos
de toda cadeia pecuária como o leite, também deverão seguir na mesma linha
de negociação. “O exemplo está lançado e o resultado concretizado. Que
outros modelos de comercialização possam também ser analisados e mudados se
for para a melhoria da cadeia produtiva e da atividade rural”, finalizou
Prado.
Ascom Famato