O suspeito dos dois ataques em Oslo, Anders Behring Breivik, 32, citou o Brasil em seu documento intitulado “A European Delaration of Independence – 2083” (Uma declaração de Independência Europeia – 2083) publicado na internet.
Segundo ele, por causa da “revolução marxista brasileira”, o Brasil teria se tornado uma mistura de raças o que se mostrou uma “catástrofe” para o país que é “de segundo mundo” com um baixo nível de coesão social. Os resultados seriam os altos níveis de corrupção, baixa produtividade e conflitos entre as diferentes culturas.
Breivik ainda classificou o Brasil como um país “disfuncional”.
Ele ainda discorre sobre o acidente com o Césio-137 em Goiânia, sobre o golpe militar de 1964, que contou com a intervenção americana e sobre a proclamação da República em 1889.
Com várias referências históricas, o documento assinado por Breivik — com 1.518 páginas — inclui ainda um manual sobre como montar bombas e um discurso contra o Islã e o marxismo, várias referências históricas, detalhes da personalidade de Breivik e um diário dos três meses que precederam o ataque.
Breivik destaca “o uso do terrorismo como um meio de despertar as massas”, e admite que será lembrado como “o maior monstro nazista desde a 2ª Guerra Mundial”.
O manifesto revela que o ataque já era preparado desde o outono de 2009 no hemisfério norte.
AUDIÊNCIA
Na manhã desta segunda-feira, Anders Behring Breivik foi levado à corte de Oslo.
Breivik, 32, definido como um fundamentalista cristão, islamófobo e ultradireitista, queria transformar a audiência desta segunda-feira uma ampla declaração de suas crenças perante o juiz e a imprensa.
Ele afirmou em seu manifesto na internet, publicado antes dos ataques, que apareceria na corte de uniforme e faria uma longa defesa de sua tese.
A audiência, contudo, foi realizada a portas fechadas, anunciou o a Justiça local, um esforço para evitar que a corte vire palanque para as ideias radicais de Breivik. A sessão durou cerca de 35 minutos.
Segundo Geir Lippestad, advogado do acusado, Breivik acredita que seus crimes foram “atrocidades, mas necessários” e que não merece nenhum castigo por eles.
PRISÃO PREVENTIVA
Breivik, que confessou ser o autor do massacre, não quis se declarar culpado ao tribunal.
Ele explicou ao juiz Kim Heger que não se considera culpado pois precisava ter cometido estes atos para enviar “um forte sinal” aos noruegueses e proteger o país contra a “invasão” dos muçulmanos. Ele afirmou que trabalhava em conjunto com “duas outras células”.
Dois psiquiatras vão avaliar o estado de saúde mental de Breivik, que, segundo a polícia, se manteve calmo durante seu depoimento e parece não ter sido afetado pelos eventos.
O juiz determinou que Breivik fique detido por oito semanas, até 22 de agosto, metade das quais deve ficar em solitária e isolamento –sem cartas, telefonemas ou contato com sua família ou a mídia.
Segundo o promotor que participa do caso, Breivik sabe que passará o resto da vida atrás das grades.
Normalmente, o acusado é levado à corte a cada quatro semanas enquanto os promotores preparam o caso, para que o juiz possa aprovar sua contínua detenção. Em casos de crimes sérios ou quando o réu é confesso, é comum este período ser ampliado.
Breivik foi indiciado por atos de terrorismo. O juiz afirmou que sua confissão e outras evidências encontradas pela polícia permitem o indiciamento.
O norueguês de 32 anos disse ainda ao juiz que quis induzir a maior perda possível ao governista Partido Trabalhista, para que não consiga mais recrutar novos filiados.
Ele acredita que o partido falhou com o povo ao não protegê-lo de uma “tomada muçulmana” e o preço desta traição foram os ataques de sexta-feira.
ATAQUES
Na primeira ação, um carro-bomba explodiu próximo à sede do governo, no centro de Oslo, matando oito pessoas. No segundo ataque, Breivik atirou contra os participantes de uma colônia de férias da juventude do Partido Trabalhista (no poder) na ilha de Utoya, 40 km a oeste da capital, provocando ao menos 68 mortes.
Os dois ataques foram cometidos com apenas duas horas de diferença. A hipótese mais sólida era de que o suspeito tinha ativado o carro-bomba que explodiu na capital para depois seguir em direção à ilha, situada a cerca de 40 quilômetros da capital.
Breivik disse à polícia de Oslo ter agido “sozinho” no massacre. Mas depoimentos de alguns sobreviventes deram a entender que poderia haver outro atirador.
F.COM