As negociações entre a República Islâmica e os países do grupo 5+1 (Reino Unido, China, França, Alemanha, Rússia e EUA) começaram nesta segunda-feira em Genebra, na Suíça, após mais de um ano de polêmica sobre o programa nuclear iraniano, que já foi motivo de sanções do Conselho de Segurança da ONU ainda em junho.
“As reuniões já começaram”, disse uma fonte da chancelaria suíça. As potências são representadas pela chefe de diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, e o Irã tem em Said Jalili seu principal negociador.
O Ocidente acusa Teerã de produzir urânio enriquecido com a finalidade de produzir a bomba atômica, o que o governo iraniano nega.
Na véspera do encontro o Irã enviou uma clara mensagem ao 5+1 anunciando que já é autossuficiente na produção de pó de urânio, material usado como base para a obtenção de urânio enriquecido.
As potências querem que o país suspenda sua produção de urânio enriquecido. “As opções são claras para o Irã: pode-se cooperar ou enfrentar cada vez mais isolamento”, disse um diplomata envolvido nas reuniões.
Ainda na semana passada, no entanto, o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad deixou claro que a interrupção total de seu programa nuclear está fora de questão e não será discutida nas reuniões.
“Qualquer assunto relativo às atividades nucleares do Irã deveriam ser resolvidas no âmbito da AIEA (Agência de Energia Atômica das Nações Unidas)”, disse Ali Baqeri, vice-chefe da delegação iraniana em Genebra.
Analistas indicam que a morte de um cientista nuclear iraniano na semana passada num atentado –atribuído por Ahmadinejad aos serviços secretos de Israel e dos EUA– pode dificultar o sucesso das reuniões desta segunda e terça na Suíça.
ENTENDA
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou em junho uma sexta rodada de sanções contra o Irã, a fim de obrigar o país a retomar as conversações, algo que só ocorre nesta segunda-feira, 14 meses depois da implementação das medidas.
As potências desejam que o Irá suspenda o trabalho de enriquecimento de urânio –que pode ter uso tanto civil como militar– em troca de benefícios diplomáticos.
O Irã sustenta que suas ambições nucleares são pacíficas e nega que busque desenvolver armas atômicas, mas se recusou a aceitar as exigências da ONU para que detenha o enriquecimento de urânio.
Em maio, após mediação de Brasil e Turquia, o Irã apresentou uma versão de um acordo nuclear, aprovado por Brasília e Ancara, mas os EUA e seus aliados recusaram a proposta e deram prosseguimento a uma série de sanções contra o país.
F.Com