O projeto Cruz Sagrada conta com 35 peças entre cruzes feitas em madeira e pedrarias e ainda, flâmulas de santos
Ao adotar o cauteloso distanciamento social durante a pandemia, a artista plástica Elieth Gripp focou esforços em um processo bastante produtivo. Além de tudo, imersivo, pois o fazer artístico diário motivou uma íntima renovação espiritual.
Durante todo o tempo produziu flâmulas de santos e cruzes em madeira com detalhes em pedrarias. “Tinha dias que chegava a produzir até três. E enquanto eu ia fazendo, ia orando. Antes de dormir, pedia inspiração para o dia seguinte e muita coisa vinha até em sonho. No dia seguinte, replicava”, conta.
O resultado pode ser conferido na exposição “Cruz Sagrada”, em cartaz até o dia 15 de maio, no Cine Teatro Cuiabá. A visitação é gratuita e ocorre de segunda a sexta-feira, das 9 às 17h e aos sábados, das 9h às 12h. Das mais de 200 peças produzidas, 35 integram a mostra individual.
Foram dias de muita reflexão. “Uma maneira que encontrei de confortar meu coração frente à uma situação que nos trazia tanto medo. Pensava nas pessoas do mundo todo, pensava na minha família. Perdi um sobrinho que era médico e dois filhos meus tiveram, mas graças a Deus, eles se recuperaram rápido”. Cada peça foi concebida como uma oração em intenção a todos os doentes e vítimas fatais da covid.
Ainda que a artista tenha iniciado sua trajetória dedicando-se ao surrealismo e mais tarde tenha se dedicado também à iconografia regional, o tema da religiosidade sempre foi muito presente em sua obra. É bastante representativo para as artes visuais mato-grossense, o conjunto de telas de santos e santas, notadamente Nossa Senhora Aparecida, dentre outras divindades.
Com a exposição Cruz Sagrada, Elieth Gripp tem uma mensagem: “a cruz é um símbolo do povo cristão, a qual nos mostra a nossa autêntica vocação como seres humanos. Ao apreciar esse trabalho, desejo que as pessoas reflitam melhor sobre si mesmas e sobre o momento que estamos vivendo. Precisamos ter fé”.
O projeto foi selecionado em edital da Lei Aldir Blanc realizado pela Secretaria de Estado de Cultura, Esportes e Lazer. O secretário Beto Machado destaca o suporte ao segmento das artes visuais. “Mesmo diante de tantos desafios impostos pela crise sanitária, os artistas puderam realizar suas produções e o resultado é uma pluralidade de temas. Elieth recria com sua assinatura, um símbolo comum a muitas casas. A religiosidade é um traço forte da cultura cuiabana”.
A artista que iniciou sua trajetória emplacando prêmio no Salão Jovem Arte Mato-Grossense de 1985, possui mais de 50 exposições no currículo. “Graças ao edital posso realizar mais uma mostra para o público cuiabano. Convido todos a visitarem a exposição no Cine Teatro, local de acesso facilitado, no coração da cidade”.
O Cruz Sagrada foi contemplado pelo edital MT Nascentes, da Lei Aldir Blanc, realizado pelo Governo de Mato Grosso via Secel-MT, em parceria com o Governo Federal via Secretaria Nacional de Cultura, do Ministério do Turismo.
Serviço:
Exposição Cruz Sagrada
Visitação gratuita
Até 15 de maio
Segunda a sexta-feira, das 9 às 17h e aos sábados, das 9h às 12h