Os riscos naturais associados a movimentos gravitacionais de massa são eventos destrutivos e relativamente frequentes no Brasil
Nunca se consumiu tanto turismo em áreas naturais como nos últimos tempos e, de acordo com pesquisas de prospecção de motivação do turista, essa modalidade de viagens deve permanecer no topo das escolhas dos consumidores de destinos turísticos nos próximos dez anos. Essa motivação de estar em áreas naturais somada à “Era do instagramável”, onde o turista procura sempre as melhores fotos nos ambientes mais desafiadores, acumulam uma preocupação eminente quanto às características naturais desses ambientes e decorrentes perigos que a geologia, se não avaliada previamente, pode resultar aos frequentadores.
Os riscos naturais associados a movimentos gravitacionais de massa são eventos destrutivos e relativamente frequentes no Brasil, vitimando pessoas todos os anos em diferentes regiões do país. Milhares de áreas com atrativos turísticos no Brasil apresentam riscos associados a processos geológicos, sejam em Unidades de Conservação, em especial parques nacionais, estaduais e municipais; praias, trilhas e outros contextos de turismo em áreas naturais. Para falar sobre geoturismo e riscos geológicos, o presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) e professor doutor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Fábio Reis, participará em Cuiabá, nos dias 30 de maio a 1º de junho do VIII GeoPolíticas: mineração e geoconservação, evento gratuito aberto para toda a população.
Segundo Fábio Reis, o Brasil necessita urgentemente incluir na lei do Plano Nacional de Proteção e Defesa Civil uma regulamentação que envolve análise de risco, identificação, mapeamento e medidas de prevenção em áreas turísticas. Estados, municípios, parques nacionais e empreendimentos turísticos precisam dar uma atenção especial a esses pontos para que acidentes como o de Capitólio, que aconteceu em janeiro de 2022 em Minas Gerais, causando a morte de dez pessoas, não voltem a acontecer. “A melhor forma de prevenir situações como a de Capitólio é pela realização de mapeamento das áreas de risco, com a indicação das áreas de risco iminente e alto, onde são priorizadas ações de controle e contenção, como, por exemplo, o desmonte controlado de blocos em risco de queda ou a implantação de técnicas de estabilização da encosta, que são geralmente usadas na Geotecnia”, afirma.
Tatiana Fernandez, consultora em turismo e especialista em estruturação de atrativos em negócios turísticos, também destaca que é preciso que haja a união de esforços para tornar o estudo geológico uma prática exigida por lei para validar a abertura de atrativos turísticos na natureza.
A secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, que também estará presente no evento, explica que a exploração sustentável dos parques e outras áreas de belezas naturais é essencial para a conservação desses espaços e que o Estado de Mato Grosso tem buscado estratégias para viabilizar arranjos jurídicos consistentes para viabilizar o turismo sustentável da natureza.
Atividades de extensão universitária, como as realizadas pelo Projeto Geoparque Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, são de grande importância, pois permitem que professores e estudantes trabalhem com a geoeducação, a partir de exposições itinerantes, minicursos para professores e guias de turismo como uma forma de capacitar e levar informações sobre o patrimônio geológico da região e aproximar a população local. “Os alunos da universidade trabalham junto com os professores e com as comunidades para atingir um público maior que não fique restrito só a quem tem acesso à informação por meios de divulgação na internet, então quando fazemos as atividades nas comunidades do município, a gente tem um impacto maior e consegue avançar na questão de popularização da ciência e do geoparque, afirma Flávia Santos, professora doutora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e pesquisadora do Projeto Geoparque Chapada dos Guimarães.
Quem também participará do evento para discutir a geocomunicação como ferramenta da divulgação de Geodiversidade é Ricardo Giaroli, Diretor do Programa Periscópio da TV Cultura, que busca democratizar a distribuição da produção científica no Brasil para que ela não fique apenas no meio acadêmico e chegue à população em geral.
Segundo Daniel Martins, professor doutor do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), existem muitos pesquisadores de diferentes áreas que estão estudando a questão do Geoturismo no Brasil e destaca que a abordagem de sua palestra será em torno de como se dá a comunicação científica em Geoturismo no Brasil, seus avanços e propor algumas reflexões para que a comunidade científica esteja cada vez mais envolvida com a resolução dos problemas locais.
O VIII GeoPolíticas é uma realização da Federação Brasileira de Geólogos (FEBRAGEO), da Associação Profissional dos Geólogos do Estado de Mato Grosso (AGEMAT) e da Associação de Geólogos de Cuiabá (GEOCLUBE) e conta com patrocínio master do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e acontecerá presencialmente no Auditório Milton Figueiredo, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso e, online, com transmissão ao vivo pelo canal da FEBRAGEO no YouTube.
Sheila Klener, vice-presidente da FEBRAGEO e presidente da AGEMAT, destaca que o evento híbrido será uma ótima oportunidade para que pessoas de todo o Brasil tenham mais conhecimento sobre riscos geológicos e geoturismo em ambientes naturais.
Para conferir a programação e realizar sua inscrição gratuita acesse: https://www.even3.com.br/minegeo/.
Texto: Radharani Kuhn – Comunicação FEBRAGEO