quinta-feira, 21/11/2024
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Em ensaio divertido, fotógrafo retrata mulheres antes, durante e após o orgasmo

Desde pequenos, os homens não sofrem muitas represálias quando começam a descobrir o próprio corpo ou a falar sobre questões relacionadas a sexo . Enquanto isso, mulheres costumam crescer mantendo certa distância de tópicos assim, muitas vezes com medo de iniciar a vida sexual e até mesmo de tocar a si mesmas. Por questões culturais e até psicológicas, há mulheres que mal conseguem chegar ao orgasmo, mas, contrariando as críticas que costumam ser feitas àquelas que se dedicam ao próprio prazer, estas 22 moças o fizeram na frente de uma câmera fotográfica.   

Intitulado “The O Projetc”, o ensaio foi publicado ONTEM quarta-feira (18), é obra do fotógrafo Marcos Alberti e retrata mulheres antes, durante e após terem um orgasmo utilizando um vibrador. Alberti também é autor da viral “Wine Project” , série fotográfica que mostra a expressão das pessoas conforme elas tomam mais e mais taças de vinho, e, em partes, foi desse ensaio que surgiu a ideia de retratar a transformação no rosto de mulheres em um momento tão íntimo.

“Uma empresa de massageadores de Singapura, a Smile Makers, me chamou. Eles queriam um trabalho que abordasse isso de forma diferente, como no trabalho do vinho”, afirma o fotógrafo ao Delas .

A forma de retratar as mulheres é parecida com a de outro ensaio do fotógrafo, o Marcos Alberti/divulgação

A forma de retratar as mulheres é parecida com a de outro ensaio do fotógrafo, o "Wine Project", que viralizou no mundo inteiro em 2016

Segundo Alberti, a companhia asiática enxerga a masturbação feminina como algo relacionado ao bem-estar das mulheres, não como algo necessariamente erótico, e ele afirma que se sentiu inclinado a trabalhar com eles por se identificar com a visão.

“Quando você fala: ‘Vou fotografar 20 e poucas meninas se masturbando’, as pessoas pensam em algo pesado, mas nós queríamos fazer de maneira leve, divertida e que não ofendesse ninguém”, explica o fotógrafo, reforçando que a intenção não era ter um resultado puxando para o "sexy".

O fotógrafo explica que, antes de a empresa entrar em contato, ele já pensava em conduzir um projeto com essa temática, mas que a cultura brasileira, por ser muito “fechada”, tornou difícil a busca por mulheres que não fossem atrizes pornô e que topassem participar. Sendo assim, Fan Yang, a gerente da marca, fez uma postagem no Facebook para encontrá-las.

“Queríamos mulheres comuns e foi muito difícil. No começo, duas mil mulheres se candidataram e, conforme ela foi falando sobre o projeto, elas foram desistindo. O número caiu para 200, depois para 50, 30, e aí caímos na casa de 22. Elas são muito corajosas, acho que realmente quebraram um tabu muito grande”, elogia Alberti.

Como montar um ensaio tão íntimo

Apesar de as moças já serem corajosas simplesmente por toparem participar do ensaio íntimo, Alberti e Fan se certificaram de que o estúdio e o processo fossem bastante confortáveis e não ferissem a intimidade delas. Segundo o fotógrafo, uma cortina com um orifício para posicionar a lente da câmera foi instalada no local e as mulheres ficaram sentadas atrás dela, cobertas da cintura para baixo por uma mesa.“Eu conversava bastante com elas, tentava deixá-las confortáveis, colocava uma música. Na primeira foto, eu pedia que elas olhassem para mim, clicava e pedia que elas fizessem tudo no tempo delas. Praticamente todas se esqueceram que eu estava lá”, relembra.

Ele conta que, ao final do projeto, elas se surpreenderam com as imagens e ele aprendeu um bocado. “Foi a primeira vez que alguém fotografou o desenvolvimento de um orgasmo. Olhando de perto, você pode perceber que até a pele muda, vai ficando vermelha, tem essas transformações. Todas elas se transformaram muito”. Confira detalhes dos bastidores do ensaio:

Pela liberdade sexual

De acordo com especialistas em sexualidade e estudos sobre o assunto, o fato de que grande parte do material pornográfico disponível atualmente não representa a realidade – já que mostra ereções intermináveis, corpos 100% depilados e, frequentemente, negligencia o prazer feminino, colocando a mulher como objeto – pode fazer com que as pessoas tenham uma ideia errada a respeito do sexo e se decepcionem não só com a performance alheia, mas com os próprios desejos.

Segundo Alberti, o “The O Project” tenta justamente contrariar esse distanciamento que trabalhos eróticos têm da realidade e busca envolver as pessoas na experiência dessas mulheres. “Quando você fala sobre uma ‘expressão de orgasmo’, as pessoas pensam no que é exibido na televisão e na internet, mas isso é muito diferente da realidade. Quando estou com uma mulher, estou participando da experiência, não estou vendo isso de maneira fria e afastada. Eu queria justamente pegar as expressões mais reais possíveis”, comenta o fotógrafo.

Porém, segundo o autor do ensaio, o objetivo ainda vai além de simplesmente retratar o orgasmo feminino como ele realmente é. Com o ensaio, Alberti quer estimular a quebra do tabu que é a sexualidade feminina.

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No "The O Project", 22 mulheres foram fotografadas antes, durante e após terem um orgasmo. Foto: Divulgação/Marcos Alberti

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Segundo Alberti, a dificuldade em encontrar mulheres “reais” – ou seja, que não fossem acostumadas à exposição durante um momento íntimo como o de um orgasmo – mostra como o assunto é um tabu para elas. “É comum que homens falem sobre masturbação, mas as mulheres não falam. Vejo que, muitas vezes, as mulheres se obrigam a ter determinadas posturas e têm medo de fazer algumas coisas, eu quero que esse ensaio seja o início de uma nova discussão, uma nova conversa”, explica, reforçando a esperança de que o trabalho seja até um ensinamento para futuras gerações. “Não quero que o jovem, quando estiver descobrindo a sexualidade, se obrigue a seguir padrões totalmente falsos”, finaliza.

Link deste artigo: http://delas.ig.com.br/amoresexo/2017-10-18/ensaio

 

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