A escola ainda apura os nomes de todos os envolvidos…
Quatro alunos foram expulsos do Colégio Adventista Centro América, em Cuiabá (MT), por usar Inteligência Artificial para criar fake nudes de colegas e professores. As imagens foram divulgadas em grupos de aplicativos de conversas e circulam desde agosto, mas só chegaram ao conhecimento dos pais das vítimas na semana passada.
De acordo com a presidente da Associação SOS Bullying, Ana Paula Siqueira, o uso de IA para ações de cyberbullying é uma tendência mundial, cada vez mais frequente no Brasil. “Em 2023, tivemos casos semelhantes no Rio de Janeiro (RJ) e em Recife (PE), em que rostos de colegas foram inseridos em imagens pornográficas por meio de IA”, ela explica. “A tecnologia existe e está acessível, cabe às instituições a responsabilidade de demostrar o quanto o uso incorreto da IA é danoso para as vítimas e para os próprios autores”.
No caso de Cuiabá, a expulsão dos alunos foi confirmada ontem (24). Segundo quatro boletins de ocorrência registrados, foram geradas imagens utilizando o rosto de adolescentes de 12 a 16 anos, além de professores. Mais de 30 jovens foram expostos com as imagens falsas, que circularam nos grupos online.
A escola ainda apura os nomes de todos os envolvidos, mas inicialmente foram identificados alunos do 7º ano do Ensino Fundamental como os autores das imagens. Três alunas e uma professora registraram o caso na Delegacia Especializada do Adolescente de Cuiabá.
“Os primeiros identificados são alunos do 7º ano do Fundamental, que devem ter entre 12 e 13 anos. Expulsar os estudantes é uma medida reativa que não resolve a situação. A escola precisa demonstrar de forma documentada que tomou as medidas preventivas exigidas pela Lei 13.185/2015 (Lei do Bullying). Caso contrário, ela poderá ser responsabilizada civil e criminalmente, além de todo o desgaste de imagem que essa situação causa”, completa Ana Paula.
O Colégio Centro América informa que os responsáveis pela criação e compartilhamento do conteúdo foram submetidos a transferência compulsória. A escola ainda informa que está oferecendo apoio às alunas e à professora e que possui programas regulares de combate à violência e ao bullying.
“Salientamos que a Instituição Adventista repudia qualquer ato de violência ou cyberbullying, tanto dentro quanto fora de seus domínios, e está sempre vigilante na proteção da integridade física e moral dos seus alunos e colaboradores. Ressaltamos também que o caso está sendo acompanhado por órgãos públicos competentes”, diz a instituição, em nota.