Ao longo de 2009, ficou mais caro para a Petrobras refinar o petróleo para transformá-lo em gasolina. Um dos fatores que mais contribuiu para isso foi a alta no preço do petróleo.
Mistura de álcool na gasolina é hoje de 25%
ficou mais caro para a estatal comprar o álcool para fazer a mistura, que também subiu de preço por causa de uma combinação de fatores.
Durante o ano passado foi mais lucrativo para as usinas sucroalcooleiras fabricar açúcar devido à forte elevação do preço do produto no mercado internacional. Com isso, a produção do combustível caiu. Ao mesmo tempo, o consumo de etanol explodiu, impulsionado pela alta na venda de automóveis. A demanda por álcool cresceu cerca de 25%, enquanto a demanda por gasolina fechou 2009 praticamente estável – e ela tem caído nos últimos cinco anos. “Aumento de venda de veículo no Brasil é igual a aumento de carro flex e de consumo de etanol”, diz a economista Amaryllis Romano, analista de agronegócio da Tendências Consultoria.
Petrobras paga a conta
Como a extração do petróleo, o refino, a venda e a mistura do combustível no Brasil são controlados pela Petrobras, quem paga por todos os aumentos é a própria estatal. Ocorre que a combinação de altas dos custos dessa cadeia está apertando as margens da empresa. As margens de produção de combustíveis e de outros produtos nas refinarias caíram de 26% no segundo trimestre para pouco mais de 10% no terceiro trimestre.
Segundo Erick Scott Hood, analista de petróleo da corretora SLW, o desempenho da gasolina é importante no resultado da Petrobras. Trata-se do segundo produto mais vendido da empresa, atrás apenas do diesel. Não há como definir o peso de cada um deles, no entanto, porque a estatal não divulga essas informações.
Apesar de estar gastando mais para fazer o combustível chegar até a bomba, a Petrobras dificilmente terá chance de aumentar o preço do produto. “Com o preço do petróleo subindo, e o real valorizado, o certo seria termos aumento da gasolina em 2010”, diz Lucas Brendler, analista de Petróleo de corretora Geração Futuro. “Mas o governo, que é o principal acionista da Petrobras e participa de suas decisões, não vai querer arcar com o custo político de cobrar mais pelo combustível em ano de eleição.”
Menos mistura, margens maiores
Reduzir o percentual de adição de etanol é uma alternativa para aliviar os custos da Petrobras. A medida tem três efeitos simultâneos sobre as contas da empresa. Primeiro, reduz os gastos com a compra do álcool no momento em que o preço está mais elevado. Esse é o período da entressafra da cana, quando o álcool fica bem mais caro.
Segundo ponto: como reduz a demanda por álcool, a diminuição da mistura tende a provocar também queda no preço do produto – o que também alivia os gastos da Petrobras com a compra de álcool. Por fim, eleva o consumo de gasolina no mercado interno – e, por conseguinte, a receita da estatal com o combustível. Não só a venda aumenta – o preço pago, também. Hoje, a gasolina custa mais no Brasil que no mercado internacional.
Procurada, a assessoria de imprensa da Petrobras não retornou até a publicação desta reportagem.
UltSeg/Alexa Salomão, iG.SP