O Iraque relembra, nesta segunda-feira, o quarto aniversário da tomada de Bagdá pelas forças da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos em 2003, em meio a grandes protestos contra a ocupação americana no país árabe. Na cidade sagrada de Najaf, no sul, milhares de iraquianos atenderam a um chamado do clérigo radical xiita Moqtada al Sadr para protestar hoje.
“Não à ocupação, não à América”, gritavam os milhares de manifestantes, a maioria homens e meninos com bandeiras iraquianas. Em Bagdá, todos os veículos civis foram banidos das ruas da cidade por 24 horas a partir das 5h desta segunda-feira (22h de Brasília) para prevenir ataques.
7.abr.2007/Reuters
Soldado iraquiano patrulha Diwaniyah, ao sul de Bagdá
Al Sadr, um dos personagens mais influentes na política iraquiana, culpa a invasão americana pela violência que não dá tréguas no Iraque. Ele emitiu um comunicado neste domingo pedindo aos iraquianos que protestassem contra a presença das tropas dos EUA no país.
Testemunhas relataram ontem que a polícia tentou impedir os xiitas de chegarem até Najaf para atender ao apelo do clérigo, mas hoje a cidade amanheceu tomada pelos manifestantes. Iraquianos queimaram bandeiras americanas e pintaram os slogans “que a América caia” e “Bush é um cão” no chão.
Milhares de xiitas marcharam a partir da região vizinha Kufa, enquanto outros congestionaram as estradas vindo em carros e ônibus de Bagdá e outras cidades xiitas no sul.
Moqtada
O poderoso líder xiita liderou duas revoltas contra forças americanas em 2004, mas desde então se voltou para a política. Seu movimento político detém um quarto das cadeiras da dominante Aliança Xiita, do premiê Nouri al Maliki.
Acredita-se que Al Sadr esteja atualmente refugiado no Irã. Seus assistentes negam e afirmam que ele continua no Iraque.
O presidente dos EUA, George W. Bush, vem insistindo que as tropas americanas não sairão do Iraque até que os iraquianos possam tomar a responsabilidade pela segurança do país. Ele repetidamente rejeitou fixar um cronograma para a retirada das tropas, desencadeando grandes confrontos com o Congresso dos EUA, dominado pela oposição democrata.
A milícia xiita leal a Al Sadr, o Exército de Mahdi, enfrentou grandes confrontos com forças americanas e iraquianas nos últimos dias na cidade de Diwaniyah, no sul. Ontem, o clérigo pediu o fim dos conflitos. Segundo soldados americanos, os combates arrefeceram depois disso.
Aniversário
Quatro anos atrás, o mundo assistiu iraquianos e soldados americanos derrubarem uma estátua do ditador Saddam Hussein na praça Firdous, no centro de Bagdá. O dia ficou marcado como a data oficial da queda do regime de Saddam.
Em 2003, as forças da coalizão internacional encontraram pouca resistência na tomada de Bagdá. À época, o saldo de mortos era de 96 americanos, 30 britânicos e um número não especificado de iraquianos (que deve chegar aos milhares).
Hoje, os números subiram para mais de 3.270 americanos, 140 britânicos, 124 soldados da coalizão internacional de outras nacionalidades e dezenas de milhares de iraquianos.
Ontem, a violência elevou ainda mais a taxa de mortos. O Exército dos EUA informou que quatro soldados americanos morreram em ataques ao sul de Bagdá neste domingo, enquanto dois outros soldados morreram devido aos ferimentos que receberam durante operações no norte da capital.
Para a população civil, o saldo foi ainda pior. Ao menos 17 pessoas morreram e 24 ficaram feridas em uma explosão em Mahmudiya, que foi o último da série de ataques fora da capital iraquiana desde que o novo plano de segurança americano aumentou a presença do Exército em Bagdá.
O prefeito de Mahmudiya, Muaid al Amiri, afirmou que a explosão ocorreu quando um carro-bomba que tinha como alvo fábricas da região foi detonado. Um prédio de três andares próximo ao local da explosão ficou completamente destruído, além de muitas lojas e veículos estacionados ao redor.
Relatos separados afirmaram que a explosão ocorreu após a queda de mísseis Katiusha em fábricas da cidade. Ao todo, mais de 20 pessoas em episódio de violência por todo o país.