Durante uma acareação realizada em Cuiabá, nesta segunda-feira (4), pela Polícia Civil, sobre o caso dos grampos clandestinos envolvendo policiais militares, os coronéis Zaqueu Barbosa, Evandro Lesco teriam confirmado os depoimentos anteriores, inclusive a destruição de provas sobre o esquema. Já o coronel Airton Siqueira preferiu ficar em silêncio, segundo a delegada Ana Cristina Feldner.
O objetivo da acareação era esclarecer diversos pontos em torno da destruição do sistema de escutas clandestinas e do arquivo de conversas grampeadas. Ainda de acordo com a delegada, os fatos ficaram confusos após informações fornecidas pelo Cabo da PM, Gerson Corrêa.
Por essa razão, foi solicitado o compartilhamento de provas disponibilizadas à 11ª Vara de Justiça Militar que também apura o caso.
A Polícia Civil também compartilhou com a Justiça, informações relacionadas ao coronel Siqueira. Ele não foi denunciado no processo militar. No ofício, as delegadas citam que enquanto a sargento Andrea prestava serviços no escritório de interceptações, estava lotada no Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), sob o comando de Siqueira.
As delegadas solicitaram informações da escala de serviço da sargento e verificaram que ela era escalada normalmente no Ciopaer, mesmo estando no escritório clandestino.
Ainda segundo a delegada, apesar do silêncio de Siqueira, a acareação trouxe avanços às investigações que deve solicitar outros depoimentos, entre eles, o do ex-governador Pedro Taques, citado pelos coronéis Zaqueu e Lesco.
Os grampos
O esquema foi denunciado à Procuradoria-Geral da República pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, que foi secretário de Segurança em 2015. Ele diz que recebeu denúncia do caso naquele ano e que alertou o governador Pedro Taques.
Agora, a PGR investiga se Taques sabia do crime e de quem partiu a ordem para as interceptações. O governador, por sua vez, nega que tinha conhecimento sobre o caso.
Segundo consta na denúncia, pelo menos 80 pessoas tiveram as conversas grampeadas no período em que o esquema funcionou. Entre elas políticos de oposição ao então governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas.
Os telefones foram incluídos indevidamente em uma investigação sobre tráfico de drogas que teria o envolvimento de policiais militares. O resultado dessa investigação, porém, não foi informado pelo governo até hoje.
- G1-CUIABÁ