quinta-feira, 07/11/2024
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Eleição mexicana pode colocar esquerda às portas dos EUA

“Está em jogo o futuro do influente vizinho ao sul dos Estados Unidos, num momento em que México e EUA discutem sobre a segurança na fronteira e questões migratórias, e enquanto outros países latino-americanos se voltam para líderes de esquerda”, disse o norte-americano John Zogby, especialista em pesquisas de opinião.

O esquerdista Andrés Manuel López Obrador aparece com ligeira vantagem nas pesquisas. Seus assessores dizem que não há a possibilidade de que ele venha a aderir a um eixo antiamericano liderado pelo venezuelano Hugo Chávez.

“Ele está focado primariamente no México. Não tem planos de buscar alianças com outros países para tentar confrontar o império dos EUA”, disse Ricardo Monreal, assessor direto do candidato.

Chávez é atualmente a principal voz antiamericana na América Latina. Ele tem como aliados os presidentes Evo Morales (Bolívia) e Fidel Castro (Cuba).

López Obrador raramente viajou ao exterior e tem pouco interesse por política externa. Ele pretende, segundo Monreal, dedicar seus seis anos de mandato a reduzir as desigualdades e tirar milhões de mexicanos da pobreza.

Em vez de se inspirar em revolucionários latino-americanos como Che Guevara, López Obrador cita os reformistas mexicanos dos séculos 19 e 20 como seus modelos e se diz admirador da moderada presidente chilena, Michelle Bachelet.

Segundo analistas, há pouco espaço para choques ideológicos entre México e EUA, porque Washington precisa dos vizinhos para conter a imigração ilegal e a possível infiltração terrorista, enquanto a economia mexicana está intimamente ligada à norte-americana.

López Obrador, que trabalhou como agente social no seu Estado de Tabasco, sabe disso, segundo o ex-embaixador Andrés Rozental, do Conselho Mexicano de Assuntos Exteriores.

“Ele não vai ser gratuitamente agressivo. Não vai ser abertamente antiamericano, nenhum presidente do México a esta altura, com o Nafta (bloco comercial da América do Norte) pode se dar ao luxo de sê-lo”, afirmou.

O atual governo conservador mexicano de Vicente Fox colaborou ativamente com os EUA na segurança da fronteira e no combate ao narcotráfico, mas se opôs à invasão do Iraque, em 2003.

Entre as pesquisas divulgadas na semana passada, uma estreita maioria dá a vitória a López Obrador, enquanto outras apontam a vitória de Felipe Calderón, ex-ministro de Energia do atual governo.

Calderón é visto com mais simpatia em Washington, embora tenha criticado a proposta de construção de uma cerca ao longo de centenas de quilômetros de fronteira entre os dois países, para conter a imigração clandestina.

“Obviamente, os EUA estariam mais confortáveis com Calderón, porque ele seria muito mais previsível e também mais sintonizado com o modelo norte-americano para a economia mexicana, mas ao mesmo tempo os EUA estão mais do que dispostos em trabalhar com López Obrador”, disse Pamela Starr, da consultoria Eurasia Group, de Nova York.

Embora manifeste a intenção de ter boas relações com os EUA, López Obrador costuma adotar uma retórica agressiva, que os adversários comparam à de Chávez.

No mês passado, ele alertou que não seria “um fantoche, um brinquedo” dos EUA. Em várias ocasiões, promete impedir a importação de milho e feijão sem impostos dos EUA, que deve começar em 2008.

“Há algumas tendências demagógicas preocupantes em López Obrador que não se vêem em Calderón”, disse Gordon Hanson, da Universidade da Califórnia em San Diego.

(Reportagem adicional de Greg Brosnan)

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Parmenas Alt
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