Os números de educação foram os que menos mostraram avanço do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O País ficou em 73º no ranking de 169 nações. Se considerado, porém, apenas o dado da média de anos de estudo da população adulta, o Brasil ficaria na 105ª posição.
“Se você olha a educação da população adulta brasileira, ela é muito ruim graças às péssimas políticas educacionais dos anos 70, 80 e 90”, justifica o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Serguei Soares. “Melhorou só lá por meados de 90, então a gente tem um passivo educacional imenso que não tem jeito, só vai embora quando essas pessoas morrerem”.
Nesta edição, o IDH mudou sua metodologia e considera dados novos. Por isso não é possível comparar com o número de anos anteriores, mas a ONU recalculou os números e aponta que o Brasil subiu quatro posições. O índice brasileiro foi de 0,699. Quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho. O IDH reúne dados de expectativa de vida, educação e renda.
A média de anos de estudo da população adulta no Brasil apontada pelo estudo é 7,2 anos. Na Noruega, o primeiro do ranking, são 12,4 anos em média. Para compensar os dados da educação, o principal responsável pelo bom desempenho foi o índice de renda per capita. A soma de todo o valor produzido dividido pela população no Brasil chega a US$ 10.607 e coloca o País numa posição boa, 75º em renda. “Nos últimos 10 anos o Brasil tem combatido fortemente a desigualdade e é mais do que justo sermos favorecidos nesse índice”, defende Soares.
Críticas
Neste ano, o IDH também lança um novo número que “desconta” a desigualdade do valor do índice. Com o ajuste pela desigualdade, o Brasil perde 27,2% de sua pontuação no IDH.
Neste ponto, pesquisadores divergem. Soares elogia a ONU por incluir a desigualdade no cálculo, mas o também pesquisador do Ipea, Rafael Osório, afirma que o número não reflete a realidade. A ONU não usa as mesmas fontes de dados que o governo brasileiro. Para Osório, na tentativa de incluir o máximo de países possíveis, o IDH usa índices que não são os mais adequados.
– O Brasil é um exemplo de desenvolvimento humano e o IDH tem sido uma visão insuficiente. Eles têm que ser superficiais para poderem comparar e acho que estão nivelando por baixo – critica.
O País foi o que mais avançou na comparação com outros, mas ainda assim aparece atrás de outros da América Latina como Chile, Argentina e Uruguai. “Acho que o IDH não está mostrando porque não somos o Chile. Acho que o Brasil já fez tudo o que precisa ser feito para chegar a esse patamar”, diz Osório.
TERRA
Dayanne Sousa