Segundo o economista Carlos Serra, a política econômica do governo federal vai causar problemas para milhares de outros brasileiros. O setor agrícola é o mais prejudicado e os efeitos serão em cascata.
Os preços internacionais da soja e do milho são cotados em dólar. O produtor rural tem que exportar muito mais para garantir o pagamento de sua produção e a economia do campo perde força. “Perdendo força deixa de gerar riquezas e pode vir a provocar o desemprego”, observa.
“Recentemente, o presidente Lula afirmou que o dólar baixo ajuda o assalariado. Isso não é totalmente verdade. Como fica o trabalhador do campo quando o setor perde dinheiro? Como fica o trabalhador da indústria nacional que não consegue competir com os importados?”, questiona.
REFLEXOS – A trajetória de queda do dólar, que rompeu a barreira de R$ 2 neste mês, provocou o rearranjo do agronegócio e já tem reflexos na renda que circula nessas regiões. “O dólar deixou de encobrir a ineficiência da infra-estrutura”, diz o economista José Mendonça de Barros.
Para ele, a moeda norte-americana vai continuar em queda “até onde a vista alcança”, e a alteração na geografia do agronegócio veio para ficar pelos próximos três a quatro anos, até que haja tempo hábil para consertar problemas da infra-estrutura.
Com o dólar abaixo de R$ 2, a margem de ganho do produtor de milho equivale, nesta safra, a 56% do preço de exportação. Se for incluído o gasto com frete, cai para 28%, segundo o especialista.
DC