quinta-feira, 21/11/2024
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É um genocídio, diz premiê após barco naufragar com 700 pessoas a bordo

É genocídio. Nada menos do que genocídio". Foi assim que Joseph Muscat, o primeiro-ministro de Malta – arquipélago europeu localizado a 93 km da costa da Itália –, descreveu à rede norte-americana CNN o naufrágio de um barco com 700 pessoas a bordo, neste domingo (19), no Mar Mediterrâneo. 

 

"Gangues de criminosos estão colocando pessoas a bordo, às vezes até lhes apontando armas", atacou Muscat, incrédulo diante de mais uma tragédia no Mediterrâneo, desta vez ocorrida a 100 km da costa da Líbia, um dos países com maior número de refugiados da África. "Eles estão colocando essas pessoas na estrada da morte, de verdade. Nada além disso."

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A busca por sobreviventes e corpos dos passageiros da embarcação, que partiu da Líbia em direção à costa da Sicília, na Itália, contava neste domingo com dezenas de navios. Mas, ao início da noite, apenas 28 sobreviventes e 24 corpos haviam sido encontrados, segundo o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi. Na véspera da tragédia, o premiê se encontrou com o Papa Francisco, que lhe parabenizou pela atitude de seu país de receber imigrantes da África e do Oriente Médio em seu território.

Segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), divulgados na sexta-feira (17), 950 pessoas morreram desde o início do ano tentando atravessar o Mar Mediterrâneo em busca de uma vida melhor – números que, naturalmente, excluem o naufrágio deste domingo, que os elevaria para cerca de 1.600, segundo as informações preliminares.

Na última quinta-feira (16), a polícia de Palermo afirmou ter detido 15 pessoas suspeitas de terem atirado 12 cristãos ao mar, deixando todos mortos. A denúncia foi feita por sobreviventes nigerianos e ganeses da embarcação, um pequeno bote de plástico oriundo da Líbia, resgatados pelas autoridades costeiras durante a manhã da data.

A investigação afirma que o incidente deste domingo ocorreu quando equipes de resgate se aproximavam do barco de um traficante para analisá-lo e ele afundou. A tragédia pode ser a mais letal envolvendo migrantes da história conhecida do Mediterrâneo. O que levou, em meio à pior crise do gênero que se tem notícia, os líderes da União Europeia a se reúnirem para de fato tomarem uma ação decisiva a respeito.

O presidente da França, François Hollande, disse que a Europa deve agir diante do aumento da “situação dramática” em relação à imigração que se verifica desde o início do ano. Entre 2013 e 2014, o número de refugiados na região quase quadruplicou, segundo a ONU.

“Os que metem as pessoas nos barcos são traficantes. São terroristas porque sabem perfeitamente que essas embarcações não têm condições e podem naufragar, pondo centenas de pessoas em perigo”, afirmou o chefe de Estado francês.

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De acordo com um sobrevivente de Bangladesh, centenas de passageiros foram trancafiados nos porões do barco pelos traficantes, impedindo qualquer tentativa de sobreviver durante o naufrágio.

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"O pequeno número de pessoas que encontramos realmente dá força a esta tese: se a maioria dos passageiros foi trancada no porão, certamente a embarcação afundaria devido ao peso em sua parte inferior", afirmou o general Antonino Irao, da polícia fronteiriça italiana.

Ainda segundo o mesmo sobrevivente, cerca de 300 pessoas estavamo no porão quando o barco de pesca foi virado, sendo 200 delas mulheres, além de dezenas de crianças.

Do início do ano para cá, 35 mil migrantes chegaram à Europa em busca de asilo, de acordo com dados oficiais.

"A comunidade internacional precisa agir de forma decisiva e rapidamente para evitar tragédias semelhantes voltem a ocorrer", pediu o Papa Francisco após a confirmação da tragédia.

O aumento da migração vem em meio a uma das maiores e mais brutais ondas de conflitos dos últimos anos na região. Os refugiados buscam fugir de guerras, perseguições e conflitos na África, Oriente Médio e Ásia. Pela falta de estabilidade da líbia desde a queda do ditador Muammar Gaddafi, em 2011, e pela proximidade de sua costa da Itália, a Líbia tem sido um dos principais pontos de partida das pessoas desesperadas por um novo lar.

 

 

 

* Com AP, CNN e Canale +ÚltimoSegundo

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Parmenas Alt
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