quinta-feira, 21/11/2024
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Duas de cada cinco cidades já têm casos de chikungunya

A chikungunya, classificada pelo ministro da Sa&uacutede, Ricardo Barros, como o pior problema de sa&uacutede que o Brasil dever&aacute enfrentar no pr&oacuteximo ver&atildeo, mostra seu poder de dissemina&ccedil&atildeo antes mesmo da chegada da esta&ccedil&atildeo. Dados do Minist&eacuterio da Sa&uacutede indicam que a doen&ccedila j&aacute est&aacute presente em dois de cada cinco munic&iacutepios brasileiros e j&aacute provocou 138 mortes neste ano.

Se o ver&atildeo de 2014/2015 foi marcado por uma epidemia recorde de dengue no pa&iacutes e o de 2015/2016 causou p&acircnico pela descoberta da rela&ccedil&atildeo do v&iacuterus zika com a ocorr&ecircncia de microcefalia, a esta&ccedil&atildeo de 2016/2017 dever&aacute, segundo especialistas, registrar uma explos&atildeo de casos de chikungunya, se a circula&ccedil&atildeo do v&iacuterus seguir a mesma tend&ecircncia observada neste ano.

O n&uacutemero de notifica&ccedil&otildees da doen&ccedila passou de 38,3 mil, em 2015, para 251 mil em 2016. No ano passado, 696 cidades brasileiras foram atingidas pela chikungunya. Em 2016, j&aacute s&atildeo 2.281 munic&iacutepios. Pelo menos sete estados brasileiros j&aacute registram &iacutendices epid&ecircmicos do problema (mais de 300 casos por 100 mil habitantes), todos no Nordeste.

Eu diria que 2016 j&aacute &eacute o ano em que a chikungunya est&aacute muito preocupante e, apesar disso, ainda temos muita falta de informa&ccedil&atildeo, diz o infectologista Rivaldo Ven&acircncio, diretor da Fiocruz Mato Grosso do Sul.

Dimensionar com exatid&atildeo o alcance da epidemia esbarra nas limita&ccedil&otildees dos m&eacutetodos diagn&oacutesticos. As semelhan&ccedilas entre os v&iacuterus da chikungunya, zika e dengue e de alguns dos seus sintomas dificultam a cria&ccedil&atildeo de testes precisos e podem causar confus&otildees quando o diagn&oacutestico &eacute feito somente por avalia&ccedil&atildeo cl&iacutenica, pr&aacutetica comum em per&iacuteodos epid&ecircmicos.

Presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, o infectologista Artur Timerman afirma que, de um modo geral, as epidemias costumam come&ccedilar com poucos casos, que se tornam crescentes, chegam ao &aacutepice e caem. A chikungunya teve relatos de casos h&aacute cinco anos no Nordeste. Depois, houve um grande n&uacutemero de casos relatados h&aacute dois anos, um ano antes da zika. Est&aacute seguindo o trajeto que seguiu a dengue, diz.

Sudeste &ndash A chegada do v&iacuterus &agrave regi&atildeo sudeste neste ano tamb&eacutem deve contribuir para que o pr&oacuteximo ver&atildeo seja marcado por mais registros da doen&ccedila. Aqui, a gente tem uma popula&ccedil&atildeo maior e cidades mais urbanizadas, com condi&ccedil&otildees de ter um surto de qualquer um desses arbov&iacuterus, diz o virologista e professor de infectologia da Universidade Federal de S&atildeo Paulo (Unifesp) Celso Granato.

Segundo dados do Centro de Vigil&acircncia Epidemiol&oacutegica da Secretaria Estadual da Sa&uacutede de S&atildeo Paulo, 62 das 645 cidades paulistas j&aacute tiveram casos confirmados da doen&ccedila em 2016. Considerando tamb&eacutem as suspeitas, s&atildeo 298 munic&iacutepios do Estado com registros da patologia. Na capital paulista, 23 dos 96 distritos j&aacute confirmaram casos de chikungunya.

Uma das principais preocupa&ccedil&otildees com a expans&atildeo da doen&ccedila &eacute que ela pode ser incapacitante. Estamos aprendendo muito agora, porque os efeitos mais complicados aparecem quando h&aacute muitos casos. &Eacute uma doen&ccedila que pode afetar a pessoa por um ou dois anos e n&atildeo h&aacute tratamento eficiente para a artrose cr&ocircnica que ela causa. E a doen&ccedila pega as articula&ccedil&otildees mais usadas, explica Granato.

Timerman diz que a postura do Minist&eacuterio da Sa&uacutede de alertar sobre a possibilidade de maior dissemina&ccedil&atildeo da doen&ccedila n&atildeo ter&aacute efeitos na popula&ccedil&atildeo sem a&ccedil&otildees de combate ao mosquito associadas a mudan&ccedilas nas cidades.

Estamos com tr&ecircs v&iacuterus circulando e n&atildeo sabemos o impacto disso. Esse &eacute um dos problemas de sa&uacutede p&uacuteblica mais dram&aacuteticos. Fala-se em combater o vetor de forma emergencial, mas &eacute preciso pensar em saneamento b&aacutesico, cidades menos impermeabilizadas e com mais &aacutereas verdes.

O minist&eacuterio afirmou, em nota, que o aumento de casos era previsto, uma vez que a doen&ccedila &eacute recente e, por isso, h&aacute mais pessoas suscet&iacuteveis. A pasta diz ainda que tem se preparado para o pr&oacuteximo ver&atildeo, intensificando as a&ccedil&otildees de preven&ccedil&atildeo e combate ao mosquito, com medidas como mobiliza&ccedil&otildees nacionais para coleta de pneus e conscientiza&ccedil&atildeo da popula&ccedil&atildeo sobre a import&acircncia da continuidade das a&ccedil&otildees de combate ao mosquito.

(Com Estad&atildeo Conte&uacutedo)-VEJA.COM

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Parmenas Alt
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