O relatório, baseado em uma grande comparação da eficácia dos medicamentos, desafia de tal modo as práticas atuais que poderia rapidamente alterar as prescrições médicas habituais, segundo alguns especialistas. Cerca de 4,5 milhões de americanos sofrem da demência progressiva do mal de Alzheimer, e a maioria dos pacientes em estado avançado da doença mostram sinais de agitação ou de ilusões em algum momento.
As drogas testadas no estudo – o Zyprexa do laboratório Eli Lilly; o Seroquel do AstraZeneca; e o Risperdal do Janssen Pharmaceutical – pertencem à classe de medicamentos conhecida como antipsicóticos atípicos. Os medicamentos são utilizados para tratar da esquizofrenia e de outras psicoses, e são comumente prescritos para pacientes mais idosos com doenças crônicas.
Cerca de um terço dos 2,5 milhões de beneficiários do Medicare (programa de saúde dos EUA) em casas de repouso nos Estados Unidos tomou os medicamentos, segundo os pesquisadores. E o uso antipsicóticos atípicos para idosos corresponde a cerca de 2 bilhões de dólares em vendas anuais dos medicamentos, boa parte do custo pago pelo Medicare e do Medicaid (outro programa de saúde do país).
Os porta-vozes do Lilly, do AstraZeneca e do Johnson&Johnson, que é proprietária do Jannsen, observaram que as drogas não foram aprovadas pelo Food and Drug Administration para o uso em pacientes com Alzheimer, e que as empresas não fazem propaganda deles para tal propósito. Os resultados do estudo, publicados na quinta-feira no The New England Journal of Medicine, segundo os porta-vozes das companhias, simplesmente refletiam a necessidade de mais pesquisa quanto ao tratamento e os problemas comportamentais em pacientes com Alzheimer.
O dr. Thomas R. Insel, diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental dos EUA, que financiou a pesquisa, afirmou: “O que esse estudo mostra é que essas drogas claramente não são a resposta, eles podem ser úteis para uma minoria de pacientes, porém precisamos pensar na fabricação de medicamentos melhores”.