O dólar teve novo dia de queda, mesmo depois de terminar a segunda-feira no menor valor em dois meses. A moeda americana à vista caiu mais 1,28% nesta terça-feira, 9, para R$ 3,7155, a cotação mais baixa desde 3 de agosto, quando fechou em R$ 3,7080. Os investidores seguiram animados com a candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), sobretudo após começarem a circular nomes para seu futuro ministério, caso vença as eleições, o que estimulou novo desmonte de posições compradas dos investidores. Além das eleições, também pesou a queda do dólar no exterior, após o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixar a previsão para o crescimento da economia mundial.
Nos últimos cinco dias úteis, o real foi a moeda que mais se valorizou no mundo, considerando uma lista de 42 divisas de países desenvolvidos e emergentes, segundo levantamento do Banco Fibra. Apenas em outubro, o dólar já caiu 8,3%. O real chegou a registrar o terceiro pior desempenho ante o dólar no acumulado do ano, com a moeda dos EUA valorizando 25% aqui, atrás somente do peso argentino e da lira turca. Com a melhora recente, a alta do dólar no Brasil em 2018 se reduziu para 12% e o real passou a ter o sétimo pior desempenho.
Especialistas em câmbio avaliam que o dólar já caiu demais nos últimos dias e agora atingiu um ponto de suporte em R$ 3,70. Alguns operadores acreditam que, ao menos no segundo turno, se não surgir um fato novo no cenário político, a moeda deve ficar na casa dos R$ 3,70 a R$ 3,80. “Acho que chegou ao piso, considerando que estamos em meio a campanha do segundo turno”, avalia a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares. Por isso, a divulgação da pesquisa do Datafolha, prevista para esta quarta-feira, deve ser acompanhada de perto pelo mercado.
Mas há no mercado casas que veem chance de a moeda cair ainda abaixo de R$ 3,70 no curto prazo. Se as pesquisas no segundo turno apontarem para um vitória de Bolsonaro, o real deve ganhar um pouco mais de força, escrevem os estrategistas de câmbio do banco alemão Commerzbank nesta terça-feira, em nota a clientes. “Se Haddad for capaz de conseguir algum avanço, o real deve ficar sob pressão”, afirmam eles. “A clara liderança de Bolsonaro no primeiro turno sugere que a vitória dele é provável.” O Commerzbank ressalta que as cadeiras na Câmara conseguidas pelo PSL, que terá a segunda maior bancada, atrás apenas do PT, ajudam a reduzir o temor sobre a governabilidade do capitão reformado do Exército.
ISTOÉ