O dólar acumulou na semana declínio de apenas 0,62 por cento, com a fraca agenda econômica dos Estados Unidos desta semana oferecendo uma trégua aos mercados. Nas semanas anteriores, o dólar registrou variações mais expressivas, subindo ou caindo mais de 1 por cento ao dia.
Nesta sessão, a divisa norte-americana chegou a subir na primeira etapa dos negócios de olho no front internacional. Mas o tom mais otimista dos mercados externos à tarde –com as bolsas de valores norte-americanas subindo e o risco Brasil estável– contribuiu para a melhora interna.
“A abertura foi mais nervosa por causa da Turquia, o mercado americano amanheceu neutro e aí quando subiu, aqui não aguentou e (o dólar) caiu”, resumiu Alexandre Vasarhelyi, responsável por câmbio do banco ING.
A lira turca caiu ao menor nível desde março de 2003 em relação ao dólar nesta sexta-feira, com o banco central turco intervindo no mercado para dar suporte à moeda do país. A oscilação turca acabou abatendo os mercados emergentes em geral. O dólar atingiu o maior nível em dois meses frente ao euro e ao iene nesta sessão.
TODAS AS ATENÇÕES NO FED
Mesmo com a semana aparentemente mais calma, os mercados continuam bastante preocupados com o rumo da política monetária nos Estados Unidos, diante da reunião do Fed nos dias 28 e 29 de junho. A cautela fez com que os investidores colocassem o pé no freio e evitassem grandes apostas, disseram analistas.
Segundo o gerente de câmbio de um banco estrangeiro, que não quis ser identificado, “praticamente é dado o aumento de 0,25 ponto percentual no juro, apesar de algumas correntes falarem em 0,50 ponto percentual”.
O gerente acrescentou que o grande foco da próxima semana será o comunicado que o Fed divulga junto com a decisão do juro.
Na opinião da diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares, o comunicado pode prolongar o período de volatilidade e incerteza dos mercados até a reunião seguinte do BC norte-americano, marcada para 8 de agosto.
“A gente dizia há um mês que até o dia 29 a volatilidade deveria permanecer, e agora a gente está adiando isso porque a grande questão que provoca tanta incerteza é o que o Fed vai fazer depois”, explicou ela.
De acordo com a diretora, essa cautela tem deixado o mercado mais “travado” e com volume menor de negócios.
“A preocupação com o crescimento econômico mundial… também se agravou. O dólar aqui só não está sofrendo mais pressão de alta porque a gente conta com saldo positivo da balança comercial”, afirmou, acrescentando que os títulos da dívida externa brasileira são os que menos sofrem entre os ativos de países emergentes.