A mão compradora prevaleceu no mercado de câmbio pelo terceiro dia seguido – levando o dólar a fechar nesta terça-feira, 26, no maior nível em mais de um mês (R$ 3,1674) – em meio a um movimento de cautela com o cenário interno em torno da reforma da Previdência e um discurso favorável ao aumento de juros nos EUA feito pela presidente do Federal Reserve (Fed), Janet Yellen. Além disso, tensões geopolíticas seguiram no radar dos investidores.
Enquanto Yellen falava, o dólar renovou máximas ante o real, aos R$ 3,1751 (+0,59%). Isso porque sua fala, considerada na maioria das vezes ‘dovish’ (favorável à manutenção de juros), se mostrou firme a um aperto monetário, quem sabe, ainda neste ano. “Seria imprudente manter a política monetária inalterada até que a inflação alcance a meta de 2%”, disse a dirigente do Fed.
Ao longo da tarde, o dólar continuou a subir, mas longe das máximas. De acordo com o gerente de câmbio da Treviso corretora, Reginaldo Galhardo, o mercado não embarcou totalmente em seu discurso “porque sabe o quão importante é observar os próximos dados de inflação nos EUA. Será que se daqui pra frente, os indicadores de inflação continuarem mostrando fraqueza, o Fed ainda assim subirá os juros? Provavelmente não porque o consumo está fraco”, pontuou. Vale lembrar que, embora a inflação americana tenha mostrado melhora em agosto, nos cinco meses anteriores os resultados mostraram fraqueza. “Ou seja, não se pode dizer em uma tendência de melhora”, acrescentou Galhardo.
O mercado esteve de olho também na leitura da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer na Câmara. A Secretaria Geral da Mesa deve enviar a denúncia ainda hoje para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
“Ainda que exista a previsão de que a denúncia seja votada até dia 11 de outubro, sabemos que não será porque existem os contrapontos, pedidos de vista, o que arrasta todo o processo. Então a reforma da Previdência é muito difícil vir ainda neste ano e o mercado, que até então estava esperançoso, começa a se proteger”, destacou o operador da corretora Multimoney Durval Corrêa.
A busca por dólar não se resumiu apenas internamente, mas sim de forma generalizada. Especialistas apontaram as tensões geopolíticas como um pano de fundo persistente. Desde ontem o mercado reage com cautela à fala de um ministro da Coreia do Norte que acusou os EUA de declarem guerra e que, mediante a isso, seu país poderá derrubar aviões bombardeiros dos EUA.
No mercado à vista, o dólar fechou em alta de 0,35%, aos R$ 3,1674, maior nível desde 22 de agosto. O giro financeiro somou US$ 1,63 bilhão. Na mínima, a moeda ficou em R$ 3,1532 (-0,09%).
No mercado futuro, o dólar para outubro subiu 0,24%, aos R$ 3,1685. O giro financeiro somou US$ 17,99 bilhões. Durante o pregão, a divisa oscilou de R$ 3,1540 (-0,22%) a R$ 3,1760 (+0,47%).