Dois policiais militares foram afastados das funções depois de terem sido identificados por meio de um vídeo postado nas redes sociais como sendo autores de agressão a um grupo de estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), na quarta-feira (6), na Avenida Fernando Corrêa da Costa, em Cuiabá. No confronto, seis universitários ficaram feridos por disparos de balas de borracha e seis foram detidos.
Conforme o coordenador de Comunicação e Marketing da PM, coronel Paulo Ferreira Serbija Filho, a medida foi tomada até que os procedimentos de investigação sejam concluídos. "Esses dois policiais foram identificados pelas imagens que foram mostradas, mas havia em torno de 50 PMs envolvidos na ação", afirmou.
O coronel informou que até o término das investigações os policiais devem exercer funções internas na corporação. Serbija disse que todos os envolvidos no caso serão ouvidos durante procedimento administrativo já instaurado pela Corregedoria-Geral da Polícia Militar e também devem depor à Polícia Civil no inquérito aberto para apurar o crime.
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado informou ter tomado todas as medidas necessárias em relação ao ocorrido, assim como a realização de exame de corpo de delito em todos os envolvidos na ocorrência.
Também declarou que, por volta das 11h de quarta-feira, o chefe de segurança do campus da UFMT manteve contato com a base comunitária da PM, do bairro Boa Esperança, na capital, para que a polícia soubesse da manifestação dos estudantes que iria ser realizada. Além disso, durante o protesto dos estudantes, o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) recebeu várias chamadas telefônicas solicitando o desbloqueio da Avenida Fernando Corrêa, que havia sido fechada pelos manifestantes.
Medidas
De outro lado, os estudantes disseram que irão tomar as medidas necessárias para tentar reparar os danos sofridos, alegando que os policiais agiram com truculência, já que a manifestação era pacífica. O aluno de engenharia elétrica Walter Aguiar Júnior, por exemplo, relatou, durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (7), que os PMs foram intransigentes. "Disseram que éramos estudantes vagabundos e nos deixaram presos no camburão, no sol, por mais de uma hora", reclamou.
Uma estudante de agronomia da Universidade chegou a sofrer uma lesão na mão após ser atingida por um disparo de bala de borracha. Bruna Matos vai ter de passar por uma cirurgia ortopédica em no máximo uma semana sob risco de ficar com sequela, segundo ela. Ela teve fratura em um metacarpo – o osso que se estende da base do dedo até a mão.
A maior reivindicação dos universitários é a permanência das casas alugadas destinadas a eles, que seria o principal motivo do protesto. Eles alegam que não têm para onde ir e que o benefício concedido pela Universidade não dá para pagar aluguel em um local perto da UFMT. "A reitoria (da UFMT) decidiu desalojar os moradores da casa do estudante e por causa disso perdi várias noites de sono, porque não tenho para onde ir", disse Bruna.
Por sua vez, a reitoria da institutição de ensino argumentou que há vagas em um espaço que fica no interior do campus. A reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli, alegou que os alunos carentes têm direito a benefícios que chegam a R$ 1,2 mil. Segundo ela, eles têm direito a R$ 360 de auxílio moradia, mais R$ 360 de bolsa assistência; R$ 100 de auxílio alimentação, além de R$ 40 de auxílio alimentação aos finais de semana, quando o restaurante universitário fica fechado.
Ela confirmou que as casas serão fechadas porque há vagas na casa do estudante que fica no interior da Universidade, mas que os estudantes se posicionaram contra a mudança. "A UFMT não está reduzindo o número de vagas. Tem vagas suficientes. Não julgamos ético alugar casas sendo que temos vagas sobrando", afirmou, durante entrevista.
Pollyana AraújoDo G1 MT