A disputa interna no PSDB para definir o candidato a prefeito de São Paulo chegou ontem aos tribunais. A decisão partiu da ala tucana que defende o apoio a uma chapa liderada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM). A outra ala quer o lançamento da candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB). O grupo vencedor será definido na convenção do PSDB, no próximo domingo.
No início da noite, depois de quase seis horas de reunião, os grupos de Alckmin e Kassab fecharam um pacto de não-agressão para a convenção. O acordo passa pela retirada da ação movida pelos kassabistas. Apesar da longa conversa, nenhum dos dois lados desistiu de apresentar seu candidato.
O grupo ingressou na Justiça com um mandado de segurança. A medida, segundo o líder da bancada de vereadores tucanos, Gilberto Natalini, era para garantir que nenhuma das assinaturas de apoiadores da chapa pró-Kassab apresentadas pelo grupo fosse retirada posteriormente pelo partido, sob alegação de desistência. Eles obtiveram 424 assinaturas a favor do prefeito e eram necessárias 403 para protocolar o documento. “Ouvimos que a Executiva Municipal estava com a idéia de ampliar o prazo para desistência em 24 horas. Não concordamos com isso e entramos com esse mandado para nos prevenir”, explicou Natalini.
O prazo para retirar o apoio da chapa venceu às 18 horas da quarta-feira. Das 424 assinaturas – todas de delegados com direito a voto na convenção do PSDB -, 7 foram anuladas pelo Diretório Municipal. Segundo o partido, as pessoas pediram, dentro desse prazo, a retirada de suas assinaturas.
?PARANÓIA?
O presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, classificou a atitude dos vereadores de entrar na Justiça de “paranóia”. “Eu desconheço essa ação. Mas posso dizer que tudo isso não passa de paranóia deles”, afirmou Lobo.
Defensor da candidatura própria do PSDB, com Alckmin na cabeça-de-chapa, o dirigente tucano negou que o partido tenha cogitado uma ampliação do prazo para receber desistências à chapa pró-Kassab. “Isso jamais aconteceu. A Executiva nunca fez deliberação nesse sentido. Esse assunto sequer foi tratado. Tanto que estou surpreso com esse mandado de segurança”, reiterou.
Nos últimos dias cresceram as queixas de alckmistas sobre uma suposta pressão que os adversários tucanos teriam feito a delegados com direito a voto na convenção para que assinassem a chapa de apoio a Kassab sob ameaça de perder cargos. Lobo disse ontem ter ouvido relatos desse tipo numa reunião na segunda-feira no Diretório Municipal.
De manhã, Lobo havia dito que estava praticamente descartada a chance de uma convenção sem disputa. “São remotas as possibilidades.”
fonte/est