Cenário com falta total de diversidade de gênero para o cargo se repete em Roraima. Em todo o país, das 229 candidaturas ao Senado, apenas 52 são mulheres.
O Estado do Mato Grosso registrou sete candidatos homens ao Senado e nenhuma mulher. Já para o cargo de governador(a), em que oito Estados não registraram candidaturas femininas, o MT possui três candidatos homens e uma mulher. Mas a baixa representatividade feminina não é uma exclusividade dessa região. Do total de 229 postulantes a uma cadeira do Senado, apenas 52 candidaturas são de mulheres (22,70%), contra 176 de homens, em todo o País.
Estados com mais candidaturas femininas ao Senado
UF | HOMENS | MULHERES | NÃO INFORMADO | PROPORÇÃO |
RO | 4 | 4 | 50% | |
PE | 5 | 4 | 44,4% | |
RS | 4 | 4 | 1 | 44,4% |
TO | 7 | 5 | 41,7% | |
DF | 6 | 4 | 40% | |
AC | 5 | 3 | 37,5% | |
BA | 4 | 2 | 33,3% | |
PR | 7 | 3 | 30,0% |
Estados com mais candidaturas femininas ao Governo
UF | HOMENS | MULHERES | PROPORÇÃO |
MG | 5 | 5 | 50% |
PI | 5 | 4 | 44,4% |
PR | 6 | 3 | 33,3% |
RN | 6 | 3 | 33,3% |
Se a obrigação da cota de 30% para mulheres imposta pelo TSE valesse nesses casos, apenas quatro estados cumpririam a norma na disputa ao Governo e oito na do Senado. De um modo geral, com exceção da disputa pelos cargos de deputado estadual e federal, os partidos políticos não se preocuparam com a representatividade na indicação para as vagas da Presidência, Vice-Presidência, Senado e Governo do Estado neste ano.
É o que mostra a segunda pesquisa da série “Perfil do poder nas eleições de 2022”, elaborada pelo Inesc (Instituto de Estudos Socioeconômicos) em parceria com o coletivo Common Data, que revela o perfil dos candidatos, a partir do cruzamento de dados sobre gênero, raça/cor, patrimônio e posição ideológica, neste caso, usando a classificação de direita, esquerda e centro para os partidos.
Das 222 candidaturas aos Governos dos Estados e do Distrito Federal, 39 são de mulheres (17,56%): proporção bastante baixa se comparado à média geral (considerando todos os cargos). Lembrando que em 2018 foi eleita somente uma mulher ao cargo – Fátima Bezerra, do PT/RN.
Direita e Centro têm menos diversificação
Sobre esse último aspecto, o estudo revela que os partidos da direita são os que têm a maior parte de candidatos brancos (50,4%) e a menor concentração de negros, com 48% na soma de pardos e pretos, ao contrário da esquerda, cujos percentuais são, respectivamente, 44,1% e 54%.
Na questão de gênero, novamente, a direita é quem traz o pior índice de representatividade, com 20% de candidatas ao Senado. Na disputa ao cargo do governo do Estado, a direita tem apenas 5 mulheres, contra 83 homens pleiteando o cargo. Na esquerda, das 107 candidaturas, 28 são mulheres e 79 são homens.
As informações foram levantadas em 15/08, com base na extração dos dados do repositório do Tribunal Superior Eleitoral [1], e a classificação do espectro ideológico utilizada neste estudo é a do Congresso em Foco (2019).
“Apesar de ser a eleição com o maior número de candidaturas de mulheres e de negros, esse dado ainda está distante dos níveis de diversidade que o nosso Brasil precisa”, afirma Carmela Zigoni, responsável pelo estudo e assessora política do Inesc. “No que se refere ao recorte por partidos, em todos eles há desafios para o alcance da diversidade, mas fica claro que as candidaturas progressistas estão mais avançadas na tentativa de melhorar a representatividade racial e de gênero na política”, acrescenta.
CANDIDATURAS EM GERAL
Candidaturas em geral | Brancos | Pardos | Pretos | Mulheres |
DIREITA | 50,41% | 37,03% | 11,08% | 32,14% |
ESQUERDA | 44,14% | 33,03% | 20,98% | 35,73% |
CENTRO | 48,71% | 36,75% | 13,13% | 33,18% |
CANDIDATURAS AO GOVERNO DO ESTADO
Governo do Estado | Brancos | Negros (Pardos + Pretos) | Mulheres | Amarela | Indígenas | NA | Total |
DIREITA | 59 (67%) | 29 (32,6%) | 5 (5,68%) | – | – | – | 88 |
ESQUERDA | 55 (51,4%) | 30 (46,6%) | 28 (26,1%) | – | 2 (1,8%) | 107 | |
CENTRO | 18 (66,6%) | 7 (25,7%) | 5 (18,5%) | 1 (3,7%) | – | 1 (3,7%) | 27 |
CANDIDATURAS AO SENADO
Disputa pelo Senado | Brancos | Pardos | Pretos | Amarela | Indígenas | NA | Homens | Mulheres | Total |
DIREITA | 76 (68%) | 26 (23%) | 8 (7,2%) | – | – | 1 (0,9%) | 89 (80%) | 22 (20%) | 111 |
ESQUERDA | 53 (58%) | 19 (21%) | 14 (15%) | 1 (1,1%) | 2 (2,2%) | 1 (1,1%) | 65 (72%) | 24 (26%) | 90 |
CENTRO | 22 (78%) | 5 (18%) | – | – | – | 1 (3,5%) | 22 (78%) | 6 (21%) | 28 |
Das 27.957 candidaturas aptas, neste ano disputam 13.681 brancos (48,9%) e 13.837 (50%) negros (soma de pardos e pretos), além de 171 indígenas (0,61%) e 112 amarelos (0,40%). Não divulgaram sua raça 149 pessoas (0,53%). Em síntese, em 2018, eram 8,479 mulheres concorrendo (31%); em 2022, são 9.301 mulheres (33,2%), um crescimento de 2,6%. Em relação à raça, em 2018, eram 12.740 negros, em 2022 são 13.837 negros (49,49%). As candidaturas brancas reduziram 3,9% e as de negros aumentaram 3,5%.
O partido com a maior proporção de pessoas brancas é o NOVO: quase 80% de brancos, 19,3% de negros, 0% de indígenas e 0,84% de amarelos. A equidade racial parece não ser uma preocupação desta legenda, já que eles têm a menor proporção de pretos e pardos entre todos os partidos brasileiros e não têm nenhuma candidatura indígena. Em 2018, o NOVO também foi o partido com menos candidaturas de pessoas negras, com 14,49%.
Três partidos se destacam pela grande proporção de negros: o PSOL, com 61% (36,54% de pretos e 24,47% de pardos); o Unidade Popular (UP), com 60% (38,33% de pretos e 21,67% de pardos); e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), com 54,7% de negros (38,36% de pretos e 16,35% de pardos).
O partido com a maior porcentagem de candidaturas indígenas é a REDE, com 3,88% de indígenas, além de 41,16% de brancos, 54,4% de negros e 0,43% de amarelos. Quanto às candidaturas amarelas, o mais representativo é o PCO: 1,29% de amarelos, 53,55% de brancos, 44,52% de negros e 0% de indígenas. Além disso, são três os partidos que não apresentam nenhuma candidatura amarela: AVANTE, PV e UP.
Já nos partidos postulantes a uma cadeira no Senado e ao governo do Estado, a diferença na representatividade entre a esquerda e a direita é a mais acentuada nessas eleições. No caso dos senadores, as legendas do centro são predominantemente de brancos e homens (78%). Os pardos são 18% e não há nenhum preto nem amarelo nem indígena disputando a vaga de senador na direita. A direita tem 68% de candidaturas brancas, enquanto a esquerda tem 58% brancos e 36% negros (21% pardos e 15% pretos).
Para o cargo de governador, a direita e o centro, mais uma vez, pecam pela falta de diversidade, com 67% e 66%, respectivamente, de candidaturas de brancos. Já a esquerda traz 51,4% postulantes brancos, 46% de negros. Em 8 estados, apenas candidatos homens disputam o cargo de governador: Amapá, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Rondônia e Santa Catarina.
Gênero – De todas as 26.822 candidaturas para deputados federais, estaduais e distritais e vereadores, 17.832 (66,50%) são de homens, enquanto 8.990 (33,50%) são de mulheres.
O partido que possui proporcionalmente, no geral, mais candidaturas femininas é o Unidade Popular (UP), composto 75% de candidatas e 25% de candidatos. Já o partido com o menor percentual de mulheres é o AGIR, que apresentou 877 candidaturas, das quais apenas 31,10% são de mulheres e 68,90% de homens.
Há pelo menos 37 pessoas transexuais concorrendo ao pleito – número refere-se à quantidade de candidatos que responderam ao nome social. Vale ressaltar que não é obrigatório informar este dado. Destas, 14 se autodeclararam pardas e 9 pretas.
O estudo também observou os bens declarados dos candidatos. Quanto maior os cargos majoritários, maior o patrimônio. Os presidentes possuem o maior valor de bens declarados, já os deputados distritais são os que declararam menos. A média de valor dos bens declarados de todos os candidatos é de R$ 830 mil, conforme tabela abaixo.
Os três cargos para o legislativo regional, deputado distrital, com 564 candidaturas; deputado estadual, com 16.085 candidaturas; e deputado federal, com 10.156 candidaturas, possuem média de valor dos bens declarados abaixo dessa média, respectivamente, R$ 432 mil, R$ 535 mil e R$ 748 mil.
TABELAS
Candidaturas por partido e raça/cor
Todos os candidatos aptos com 21+ | Espectro político | BRANCA | PARDA | PRETA | INDÍ-GENA | AMA-RELA | N/D | N/I |
AGIR | DIREITA | 42,57% | 39,75% | 14,19% | 0,23% | 0,45% | 0,00% | 2,82% |
AVANTE | CENTRO | 44,51% | 41,94% | 13,35% | 0,20% | 0,00% | 0,00% | 0,00% |
CIDADANIA | ESQUERDA | 45,96% | 38,57% | 13,90% | 0,67% | 0,90% | 0,00% | 0,00% |
DC | DIREITA | 43,63% | 38,64% | 16,62% | 0,28% | 0,83% | 0,00% | 0,00% |
MDB | CENTRO | 49,14% | 36,06% | 13,22% | 0,23% | 0,15% | 0,00% | 1,20% |
NOVO | DIREITA | 79,74% | 15,47% | 3,92% | 0,00% | 0,87% | 0,00% | 0,00% |
PATRIOTA | DIREITA | 47,40% | 39,60% | 12,67% | 0,17% | 0,17% | 0,00% | 0,00% |
PC do B | ESQUERDA | 40,19% | 35,89% | 22,49% | 1,44% | 0,00% | 0,00% | 0,00% |
PCB | ESQUERDA | 53,73% | 20,90% | 19,40% | 1,49% | 1,49% | 0,00% | 2,99% |
PCO | ESQUERDA | 55,83% | 20,83% | 18,33% | 0,00% | 1,67% | 3,33% | 0,00% |
PDT | ESQUERDA | 45,63% | 34,67% | 17,97% | 0,95% | 0,32% | 0,00% | 0,47% |
PL | DIREITA | 56,08% | 35,69% | 7,19% | 0,72% | 0,33% | 0,00% | 0,00% |
PMB | DIREITA | 39,54% | 41,58% | 17,98% | 0,26% | 0,51% | 0,00% | 0,13% |
PMN | ESQUERDA | 40,23% | 44,67% | 14,34% | 0,38% | 0,13% | 0,00% | 0,25% |
PODE | DIREITA | 52,98% | 34,94% | 10,68% | 0,53% | 0,88% | 0,00% | 0,00% |
PP | DIREITA | 54,27% | 34,44% | 10,76% | 0,15% | 0,15% | 0,00% | 0,23% |
PROS | CENTRO | 47,12% | 34,12% | 15,48% | 0,68% | 0,45% | 0,00% | 2,15% |
PRTB | DIREITA | 45,99% | 42,09% | 11,12% | 0,11% | 0,46% | 0,00% | 0,23% |
PSB | ESQUERDA | 48,88% | 33,25% | 16,83% | 0,40% | 0,64% | 0,00% | 0,00% |
PSC | DIREITA | 45,98% | 39,64% | 12,88% | 0,70% | 0,20% | 0,00% | 0,60% |
PSD | DIREITA | 58,73% | 31,04% | 8,91% | 0,44% | 0,88% | 0,00% | 0,00% |
PSDB | CENTRO | 53,81% | 34,41% | 10,39% | 0,58% | 0,81% | 0,00% | 0,00% |
PSOL | ESQUERDA | 35,65% | 24,64% | 36,96% | 2,39% | 0,24% | 0,00% | 0,12% |
PSTU | ESQUERDA | 40,71% | 19,47% | 37,17% | 0,88% | 1,77% | 0,00% | 0,00% |
PT | ESQUERDA | 47,75% | 23,83% | 26,27% | 1,97% | 0,19% | 0,00% | 0,00% |
PTB | DIREITA | 46,48% | 39,21% | 8,62% | 0,55% | 0,24% | 0,00% | 4,90% |
PV | ESQUERDA | 46,71% | 41,87% | 10,38% | 1,04% | 0,00% | 0,00% | 0,00% |
REDE | ESQUERDA | 40,74% | 37,25% | 17,65% | 3,92% | 0,44% | 0,00% | 0,00% |
REPUBLICANOS | DIREITA | 49,29% | 39,12% | 11,17% | 0,21% | 0,14% | 0,00% | 0,07% |
SOLIDARIEDADE | CENTRO | 50,79% | 35,88% | 12,49% | 0,28% | 0,56% | 0,00% | 0,00% |
UNIÃO | DIREITA | 52,51% | 36,44% | 10,30% | 0,34% | 0,41% | 0,00% | 0,00% |
UP | ESQUERDA | 39,13% | 26,09% | 34,78% | 0,00% | 0,00% | 0,00% | 0,00% |
Total Geral | – | 48,76% | 35,76% | 13,92% | 0,60% | 0,41% | 0,01% | 0,54% |
Fonte: TSE, consultado em 15/08/2022, 18:35:22. A classificação do espectro ideológico é a do Congresso em Foco (2019). Elaboração: Inesc/Common Data.
Tabela Candidaturas e bens declarados
Cargo | Número de candidaturas | Média de Quantidade de Bens | Média de Valor dos bens declarados | Soma do Valor dos bens | % |
1º SUPLENTE | 228 | 6,28 | 6.079.511,90 | 1.386.128.713,00 | 5,97% |
2º SUPLENTE | 228 | 4,98 | 8.284.565,94 | 1.888.881.034,00 | 8,14% |
DEPUTADO DISTRITAL | 564 | 2,65 | 431.500,31 | 243.366.173,40 | 1,05% |
DEPUTADO ESTADUAL | 16.085 | 2,79 | 535.157,27 | 8.608.004.711,00 | 37,10% |
DEPUTADO FEDERAL | 10.156 | 3,45 | 747.969,06 | 7.596.373.821,00 | 32,74% |
GOVERNADOR | 222 | 8,02 | 8.750.519,23 | 1.942.615.268,00 | 8,37% |
PRESIDENTE | 12 | 12,25 | 11.690.601,03 | 140.287.212,30 | 0,60% |
SENADOR | 229 | 7,99 | 2.589.670,75 | 593.034.601,40 | 2,56% |
VICE-GOVERNADOR | 222 | 6,14 | 3.501.384,92 | 773.806.066,20 | 3,33% |
VICE-PRESIDENTE | 12 | 5,67 | 2.606.841,28 | 31.282.095,30 | 0,13% |
Total Geral | 27.958 | 3,19 | 829.981,03 | 23.203.779.697,00 | 100,00% |
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