O vice-presidente da Faepa (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Pará), Diogo Naves, considera “burra”, do ponto de vista ambiental, a determinação de manter 80% de reserva em todas as fazendas da Amazônia.
“Essa estratégia é burra porque cria reservas isoladas”, afirmou Naves. “Isso até funciona na preservação da flora amazônica, mas a fauna precisa de espaço.”
“Nossa proposta é fazer reservas coletivas somando áreas de todos os produtores”, acrescentou. “E, através de um zoneamento econômico-ecológico, podemos determinar caso a caso, região a região, o quanto tem que ser preservado em cada fazenda.”
Crédito
Naves afirma que hoje o produtor rural tem consciência da importância de preservar o meio ambiente, mas que precisa de dinheiro e apoio do governo para produzir sem desmatar.
“O Estado do Pará se desenvolveu com base em repasses do FNO [Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Norte]”, diz o vice-presidente da Faepa. “Por causa de “imbróglio” [de irregularidades fundiárias e ambientais], esse dinheiro parou de ser repassado.”
“Sem crédito para trabalhar a terra, diversos fazendeiros tiveram que voltar a avançar pela mata para produzir. Então temos que resolver todos estes problemas para que voltemos a receber recursos para investimento.”
Naves admite que o Pará sofre com os efeitos de uma ocupação desorganizada da terra. Mas diz que isso aconteceu por conta da ausência e da lentidão do Estado durante a colonização da região.
“Com o setor produtivo é tudo para ontem, enquanto o governo sempre deixa para amanhã”, diz. “Quando os fazendeiros chegavam, faziam vilas, estradas e desenvolviam a economia. Mas o Estado só vinha chegar dez ou 12 anos depois.”
BBC/F.Online