A ameaça às principais rendas da Fifa com a Copa de 2014, que lhe geraram US$ 4 bilhões nos últimos quatro anos, motiva uma disputa entre a entidade máxima do futebol e o governo federal.
A briga deixou o COL (Comitê Organizador Local) no meio do fogo cruzado.
A Lei Geral da Copa é o centro do litígio. A entidade máxima do futebol entende que o texto não defende suas receitas com ingressos, patrocínios e televisão do Mundial.
Na Casa Civil, a insatisfação da Fifa com a lei causa surpresa, pois os cartolas haviam sido avisados das mudanças. O projeto de lei ainda será votado por Câmara dos Deputados e Senado.
Oficialmente, nenhuma das partes comenta o tema.
Nos bastidores, fonte ligada à Fifa no Brasil acenou que a briga abriu a possibilidade de se tirar o Mundial do país. Os EUA seriam uma opção.
Em Zurique, a entidade que comanda o futebol negou. “A Fifa não expressou isso”, afirmou a assessoria da federação sobre a suposta ameaça.
Por contrato, a Fifa pode tirar o Mundial do Brasil caso não sejam cumpridas cláusulas do Acordo para Sediar.
O documento diz que o Brasil tem até o meio de 2012 para fazer uma lei que proteja os ganhos da entidade.
Por enquanto, a hipótese de mudar a sede de Copa é uma forma de pressão. A Fifa diz que Dilma Rousseff não cumpre garantias assinadas por Lula, seu antecessor.
São sete pontos de discórdia. Entre os principais, está o fato de a Lei Geral da Copa não ter derrubado a meia-entrada para idosos. Isso contraria o Acordo para Sediar, que dava liberdade à Fifa para lidar com ingressos.
A lei ainda prevê que a entidade ceda imagens dos jogos da Copa para TVs sem direitos de transmissão -até 3% do tempo de cada um.
Pelo contrato, haveria autonomia da Fifa para lidar com as imagens dos jogos.
A entidade ainda critica a redução da pena para pirataria de produtos da Copa e uso indevido de suas marcas.
O litígio põe na berlinda o presidente do COL, Ricardo Teixeira. O cartola tenta mediar acordo com o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., de quem se reaproximou, já que não tem acesso a Dilma.
O COL corre risco de ter que pagar indenizações à Fifa por descumprir o contrato.
Em meio à disputa, a entidade também usou atrasos em obras de infraestrutura para pressionar o governo.
Em carta a Dilma, o presidente da entidade, Joseph Blatter, reclamou do andamento de obras nas cidades-sedes.
Colaborou a Sucursal de Brasília
MARTÍN FERNANDEZ
RODRIGO MATTOS
DE SÃO PAULO