O Brasil ocupa o 12º lugar no Ranking Mundial de Homicídios de Mulheres, com uma taxa de 4,2 mortes por 100 mil habitantes: entre 2003 e 2007, 19.440 mulheres foram assassinadas no País, algo em torno de 4 mil homicídios por ano ou dez por dia.
O dado preocupante pertence ao Mapa da Violência 2010, o décimo relatório de uma série realizada pelo Instituto Sangari desde 1998.
“O que nos alarmou neste estudo foi a prevalência de armas de fogo nestas mortes, o que indica premeditação”, explica o antropólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor da pesquisa.
“Em outros países, ao contrário do Brasil, os homicídios de mulheres acontecem mais por objetos cortantes, briga corporal, o que denota crime passional, imediatista.
A pesquisa também levanta a questão sobre a excessiva circulação de armas de fogo no País. Quando um sujeito tem uma arma, já é com intenção de matar.
Então, ele resolve inclusive crimes passionais com balas de revólver”, argumenta Waiselfisz.
O mapa também mostrou uma discrepância entre os estados e municípios brasileiros. Alguns têm taxas baixíssimas de homicídios de mulheres e outros possuem umas tão altas que chegam perto da de Bogotá, na Colômbia, que lidera o ranking mundial com média de 12,7 mortes por 100 mil habitantes.
É o caso de estados como Espírito Santo e Roraima, com 10,3 e 9,6 assassinatos por 100 mil mulheres, respectivamente. “Nós percebemos que a violência contra a mulher é um sintoma latino-americano, que tem muito a ver com a cultura, com a história de desigualdade e marginalização da mulher.
Uma cultura de subordinação e menos valia da mulher como ser social e ser humano.
Em outras palavras, o velho machismo”, conclui o antropólogo.
F.Universal