O Tribunal de Contas da União deixou para decidir somente em 2014 se servidores do Senado que ganharam salários acima do teto constitucional – atualmente de R$ 28 mil – deverão devolver os valores recebidos a mais. A última sessão do tribunal está marcada para a próxima segunda-feira (16), mas o assunto não entrou na pauta, segundo a assessoria da corte.
Na semana que vem começa o recesso do Judiciário na próxima semana e os ministros só voltam aos trabalhos no dia 22 de janeiro. Caso o tribunal decida determinar a devolução nesta primeira sessão de 2014, o desconto na folha de pagamentos dos servidores que ultrapassaram o teto só será feito a partir de fevereiro.
Segundo cálculos do TCU, cerca de 540 servidores receberam quantias irregularmente nos últimos cinco anos, num montante total que chega a R$ 300 milhões. Por decisão da corte, tomada em 26 setembro, os valores deveriam começar a retornar aos cofres públicos dentro de 30 dias pelo desconto em futuros salários dos servidores.
No entanto, a devolução está suspensa há dois meses devido a um recurso do Ministério Público, que será julgado apenas em 2014. O regimento do Tribunal de Contas da União determina que pedidos de reexame – como o apresentado pelo MP – têm o poder de suspender o cumprimento da decisão. O recurso foi acolhido pelo tribunal em 14 de novembro e, desde então, passou a travar o processo de devolução do excedente.
Somente após análise do mérito do recurso pelo plenário do tribunal, os descontos, caso determinados, poderão ser efetuados, segundo informou assessoria do tribunal.
O recurso do Ministério Público pede uma decisão idêntica do TCU para Senado e Câmara. Em agosto, o tribunal deu 60 dias para a Câmara cortar os supersalários, mas não determinou a devolução do que foi pago a mais. Para o Senado, deu prazo de 30 dias e determinou a devolução.
'Mãos atadas'
A assessoria de imprensa disse que atualmente o Senado está "de mãos atadas" e que não descontará o salário dos servidores enquanto o TCU não deliberar de forma definitiva sobre o assunto. "O Senado ainda não implementou o pagamento de valores retroativos, que necessitam ser apurados individualmente no período indicado pelo TCU", informou assessoria em nota.
Em 15 de outubro – quando o Ministério Público já tinha apresentado o recurso, mas o tribunal ainda não havia o acolhido –, o presidente do Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou a dizer que faria os descontos já na folha de outubro, mas depois, com o recurso aceito, suspendeu a devolução.
A adequação dos supersalários ao teto constitucional, no entanto, foi realizada, segundo o Senado. Em 10 de outubro, a Mesa Diretora aprovou ato que estipula como valor máximo dos salários de servidores da Casa o teto do funcionalismo público federal, de R$ 28 mil.
Com a decisão, 540 servidores tiveram seus vencimentos cortados já na folha de 21 de outubro, de acordo com o Senado. A corte entendeu que o pagamento por função comissionada não entra no cálculo para adaptar as remunerações ao teto.
Na última quinta-feira (5), a assessoria do Senado disse que a Casa implementou todas as determinações do Tribunal de Contas e que vem demonstrando "respeito" à decisão da corte.
"Desde a folha de pagamentos de outubro, todos os pagamentos realizados pelo Senado Federal seguem estritamente a interpretação que o TCU adotou acerca do artigo da Constituição Federal que dispõe sobre o teto remuneratório dos servidores públicos", informou assessoria em nota.
Priscilla MendesDo G1, em Brasília