Na tentativa de auxiliar os empresários de Mato Grosso a enfrentarem a crise econômica que afeta o país, a Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL) prepara uma campanha para incentivar a compra.
Trata-se da “Liquida Cuiabá” e “Liquida Várzea Grande”. Uma parceria entre as prefeituras dos municípios, o Governo do Estado.
De acordo com o vice-presidente da CDL Célio Fernandes, somente este ano um levantamento mostrou que 1,5 mil empresas “fecharam as portas”, e este seria o momento ideal para tentar alavancar as vendas.
“É preciso oferecer um ganho real para o consumidor. Temos que aproveitar para colocar a economia para circular, e esta é a primeira vez que vamos fazer essa campanha. Será uma grande promoção que vamos lançar em julho e começo de agosto”.
Apesar das incertezas econômicas, Célio afirma que Cuiabá ainda tem um índice de desenvolvimento acima da média do país, contudo a Capital de Mato Grosso entrou no roll das cidades afetadas pelo desemprego e pela falência.
“As empresas do interior também estão sofrendo os impactos da crise. Este ano, os dados ainda não são oficiais, mas sabemos que continuam os fechamentos de empresas. A recuperação judicial de muitas continua avançando, e isso afeta o emprego e toda a economia”.
Este ano a arrecadação do ICMS caiu 8% por conta da crise nas vendas, e houve também uma redução na entrada e no consumo de produtos. O cenário é extremamente inseguro para novos investimentos.
Segundo ele, os setores que mais sentem a crise são o de confecção, calçados e artigos de festas. “É muito difícil influenciar o consumo quando a confiança do consumidor está abalada”.
A famosa pechincha
Segundo Célio Fernandes uma das formas de estimular a venda é reduzindo a margem de lucro. O empresário que antes conseguia lucrar 100% ou mais, hoje precisa ter um ganho menor para conseguir fazer girar sua mercadoria.
“Talvez ele consiga tendo lucro de 10%, 5%, 3%, ou até mesmo um lucro de 1%. O que importa é conseguir fazer o giro, porque as despesas fixas pressionam muito e isso compromete o fluxo de caixa e a sustentabilidade”.
Ao mesmo tempo em que a crise pressiona a economia, ela traz certo alívio para as classes sociais mais elevadas. De acordo com o vice-presidente da CDL, esse é o momento de pechinchar e conseguir menores preços.
“Existe um público que tem mais recurso. A elite tem uma poupança, então acaba que a crise econômica não os atinge tanto. Como o funcionalismo público, por exemplo, que mantêm seus pagamentos e recebimentos em dia. Isso de certa forma traz uma economia mais estável”, avalia ele.
Desemprego e inadimplência
Proprietário da Biológica-Farmácia de Manipulação, Célio Fernandes afirma que o desemprego atingiu níveis preocupantes. Ele conta que recentemente abriu quatro vagas de trabalho em suas empresas, e recebeu em dois dias mais de 400 currículos.
Segundo ele, foi estarrecedor perceber que haviam pessoas qualificadas, com graduação de Engenharia Civil e Direito, por exemplo, que se dispunham a atuar como caixas, balconistas e representantes comerciais. “Isso é um sinal de as coisas não estão tão fáceis”.
A inadimplência de dezembro de 2015 a março deste ano afetou as contas de água e energia. Este seria um indicador de que as pessoas estão tendo dificuldades para pagar até mesmo as contas básicas sujeitas a cortes.
Levantamento da CDL mostra que em Mato Grosso 42% da população está com as dívidas em atraso. “O numero é bem alto, cresceu muito. Esse dado é de fevereiro deste ano. E posso afirmar que o empresário que não tem ‘bala na agulha’ pra enfrentar a crise, acaba saindo do mercado”, finaliza ele.
Assessoria de Imprensa :Com- Plenário MT