domingo, 22/12/2024
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Desprescrição de medicamentos se populariza entre profissionais que cuidam da saúde da população idosa

A desprescrição foi um dos temas do XXIII Congresso Brasileiro de Geriatria e
Gerontologia, realizado de 23 e 25 de março de 2023, em São Paulo

Estudos evidenciam o aumento do uso de medicamentos conforme o avanço da idade,
em especial, devido a doenças crônicas como o câncer, o diabetes e as
doenças cardiovasculares, entre outras. No Brasil,
onde a população de 60 anos ou mais chega a mais de 30 milhões de
indivíduos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
estima-se que em torno de 80% dos idosos utilizem pelo menos um medicamento por
dia e que cerca de um
terço use cinco ou mais medicamentos simultaneamente [1]. No entanto,
profissionais de saúde como médicos geriatras e farmacêuticos têm
incentivado a desprescrição sempre que possível.

Segundo o farmacêutico Márcio Galvão Oliveira, a desprescrição é uma
prática antiga que consiste na retirada gradual ou na diminuição da dose de
medicamentos que não apresentam benefícios ou têm
grandes riscos para os pacientes, agora difundida com esse novo nome. “Ela vem
se difundindo cada vez mais entre farmacêuticos e médicos geriatras e é
preciso expandir essa prática para as demais especialidades médicas”,
explica o professor da
Universidade Federal da Bahia.

Para a médica geriatra Ivete Berkenbrock, presidente da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia (SBGG), ampliar essa prática contra o uso
indiscriminado é necessária. “A prescrição precisa
ser sempre orientada pelo profissional de saúde e revista pelo mesmo ao longo
do tratamento, sendo desprescrita quando possível. A automedicação também é
um ponto de atenção. Para muitas pessoas, ainda é mais fácil ingerir um
medicamento que
buscar hábitos mais saudáveis”, complementa ela, que também é coordenadora
do Programa de Saúde da Pessoa Idosa da Prefeitura de Curitiba (PR).

Até mesmo os profissionais de saúde ainda resistem em praticar a
desprescrição. No entanto, de acordo com Oliveira, profissionais como os
médicos geriatras, que são considerados os coordenadores do
cuidado de pacientes idosos, têm manejado de forma mais contida determinados
medicamentos. “Os farmacêuticos também têm mostrado excelente atuação.
Agora, precisamos continuar avançando”, defende ele.

Não é para menos. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera que mais
de 50% dos medicamentos para pacientes de diferentes idades são prescritos ou
dispensados de forma inadequada e que 50% dos
pacientes utilizam medicamentos de maneira incorreta, com o agravante entre
pessoas que fazem uso de polifarmácia, isto é, que utilizam diversos
medicamentos rotineiramente [2].

Para os próximos anos, a aposta de Oliveira é que a desprescrição se torne
ainda mais popular entre profissionais de saúde no Brasil, em especial, os que
cuidam da saúde da população idosa.
“Apesar de ser um tema novo em nosso país, essa prática tem sido bastante
difundida em outros países. Minha aposta é que as universidades e sociedades
científicas tenham grande papel nisso. Nesse
sentido, por que não inserir nas diretrizes clínicas as informações sobre a
prescrição de medicamentos?”, questiona o professor da UFBA.

“A nós, enquanto sociedade científica, cabe pautar esse tema para discussão
entre os profissionais que cuidam da saúde da população idosa. Dessa maneira,
estamos preocupados não apenas com o
cenário da Saúde atual, mas projetando o futuro que queremos”, conclui a
presidente da SBGG.

A desprescrição foi um dos temas do XXIII Congresso Brasileiro de Geriatria e
Gerontologia, realizado pela SBGG entre os dias 23 e 25 de março de 2023, no
Expo Center Norte, em São Paulo.

[1] COSTA, Renata Mazaro e et al. Uso de medicamentos por idosos: algumas
considerações. Geriatrics, Gerontology and Aging, v. 2, n. 3, 2008.
Disponível em:

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Parmenas Alt
Parmenas Alt
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