quinta-feira, 21/11/2024
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Desenvolvimento Sustentável: Utopia ou uma possibilidade real?

Ao enfrentar um novo paradigma na sociedade, a academia, o marketing empresarial, relat&oacuterios executivos e at&eacute discursos eleitorais apelam para a consci&ecircncia ecol&oacutegica, e cada vez mais procuram resgatar a ideia do ser humano como ser biol&oacutegico. Em uma an&aacutelise mais materialista, como diz John Foster, evidenciado em A Ecologia de Marx (…), desempenhar o metabolismo do homem/mulher com a natureza. Pois, sabe-se, mesmo que de forma intr&iacutenseca, da depend&ecircncia direta da vida humana com a qualidade de um ecossistema ambientalmente equilibrado. Ent&atildeo, conciliar o modo de vida da humanidade com a preserva&ccedil&atildeo e conserva&ccedil&atildeo dos recursos naturais &eacute algo que deveria ser pensado em primeira inst&acircncia, uma vez que todas as rela&ccedil&otildees sociais e a conviv&ecircncia humana dependem do lidar e da transforma&ccedil&atildeo da natureza para com o fornecimento de meios na reprodu&ccedil&atildeo da sociedade. Deste modo, &eacute elencado aqui a categoria do trabalho, interpreta&ccedil&atildeo lukacsiana &agrave categoria fundante do ser social.

Nesse contexto, a sustentabilidade entra em quest&atildeo como o equil&iacutebrio da sociedade capitalista com o meio ambiente. Assim, a proposta do desenvolvimento sustent&aacutevel &eacute manter o modo de produ&ccedil&atildeo como se configura na atualidade, atendendo ao trabalho e suprindo as necessidades, sem comprometer a capacidade de oferta cont&iacutenua do meio ambiente adequado &agrave qualidade de vida.

Ora, vive-se um contexto em que o desenvolvimento das for&ccedilas produtivas cresce de maneira curiosa. A economia global n&atildeo permite um break na gera&ccedil&atildeo de produtos e no interc&acircmbio de mercadorias, ou seja, depara-se com uma intera&ccedil&atildeo de componentes para uma m&aacutequina que, em &uacuteltima an&aacutelise, tem a finalidade marcada por uma ordem infinita. Todavia, os meios necess&aacuterios que fazem tal m&aacutequina se manter em constante opera&ccedil&atildeo s&atildeo os recursos ambientais, os quais s&atildeo de ordem finita.

A legisla&ccedil&atildeo brasileira, em sua Pol&iacutetica Nacional de Meio Ambiente, com reda&ccedil&atildeo alterada pela Lei n&ordm 7.804 / 89, apesar de n&atildeo definir os recursos ambientais, cita exemplos que perpassam pelos servi&ccedilos e produtos ecossist&ecircmicos. Na Ci&ecircncia Florestal, &eacute considerado produto todo elemento tang&iacutevel que se pode obter de uma floresta, como produtos madeireiros, l&aacutetex, sementes e compostos qu&iacutemicos. J&aacute os servi&ccedilos adv&ecircm da presta&ccedil&atildeo de assist&ecircncia do ecossistema na regula&ccedil&atildeo dos processos naturais, a exemplo do regaste de carbono da atmosfera e at&eacute mesmo os rios voadores resultantes da grande quantidade de &aacutegua evapotranspirada pela Amaz&ocircnia. O INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amaz&ocircnia) possui estudos quanto &agrave quantidade de &aacutegua bombeada para a atmosfera de acordo com especificidade das &aacutervores.

Desta forma, se configura como recurso natural finito tudo aquilo que n&atildeo possui resili&ecircncia no ecossistema em um determinado per&iacuteodo de retorno, baseado apenas na expectativa de vida do ser humano. Seria curioso, portanto, n&atildeo pensar que existe contradi&ccedil&atildeo entre uma m&aacutequina que n&atildeo se pode parar de funcionar, mas que depende de recursos energ&eacuteticos esgot&aacuteveis? Como ressalta Istv&aacuten M&eacutesz&aacuteros, em Socialismo ou Barb&aacuterie, seria necess&aacuterio ent&atildeo a sociedade pensar em um novo modelo de reprodu&ccedil&atildeo da vida social? Pois, para M&eacutesz&aacuteros, os interesses da humanidade capitalista ser&atildeo os seus instrumentos de autodestrui&ccedil&atildeo e contribui&ccedil&atildeo &agrave extin&ccedil&atildeo da esp&eacutecie humana do planeta Terra.

Logo, defender os interesses de um grupo social, em um ambiente que possui conflitos cont&iacutenuos de lutas de classes, remete ao sistema de ideias, sejam elas morais, econ&ocircmicas ou pol&iacuteticas muito restritivas. Neste sentido, &eacute coerente analisar que as a&ccedil&otildees, decorrentes de um pensamento institucional, ir&atildeo atender somente aos interesses da classe que exerce poder no sistema da forma como a sociedade est&aacute organizada atualmente.

Assim, o despertar da consci&ecircncia social n&atildeo abranger&aacute a totalidade das rela&ccedil&otildees sociais em todas as suas formas, mas sim, trar&aacute benef&iacutecios a algumas partes articuladas em uma totalidade. E, portanto, esse pensamento se torna ideol&oacutegico. Ideol&oacutegico no sentido de cumprir uma fun&ccedil&atildeo social de natureza excepcionalmente burguesa. Enfim, &eacute dif&iacutecil reconhecer que os pilares do desenvolvimento sustent&aacutevel (produ&ccedil&atildeo ambientalmente correta, economicamente vi&aacutevel e socialmente justa) constroem o caminho sustent&aacutevel para uma sociedade que se molda na lucratividade de mercadorias e n&atildeo na assist&ecircncia das verdadeiras necessidades da humanidade.

Ka&iacuteque Mesquita Cardoso &eacute Professor efetivo do IFNMG – Instituto Federal do Norte de Minas GeraisIFNMG, Ara&ccedilua&iacute, e Mestrando em Ci&ecircncia Florestal pela Unesp de Botucatu.
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Oscar D&39Ambrosio
Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp

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Parmenas Alt
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