Após entrega do estudo de viabilidade do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) ao governador em exercício Chico Daltro, o tema também foi destaque entre os deputados e movimentou a sessão plenária na Casa de Leis. O presidente da Assembleia Legislativa, deputado José Riva (PP),
chegou a sugerir que a discussão seja ampliada com a presença de dois técnicos: um para defender o BRT (Bus Rapid Transit), o ônibus de trânsito rápido, e outro para falar do VLT.
“Com isso vamos fazer um debate aberto e oportunizar que a sociedade conheça
esses dois sistemas”. No entanto, Riva reafirmou que a decisão de qual modelo é o melhor cabe ao Governo do Estado e não aos diretores da Agecopa, já que a Agência não foi instituída para este fim, mas para executar as obras diretamente ligadas à Copa, como a construção da Arena, do fun park e centros de treinamentos.
Ainda na tribuna, apontou as vantagens do VLT e disse que o BRT é o “pior”
modal a ser escolhido. “O BRT é um sistema que dentro de 2 a 3 anos estará
saturado e obsoleto. Nem um estudo aprofundado foi feito. Não abrir para
analisar um estudo mais minucioso como o que foi feito pelo VLT, é
menosprezar a inteligência do povo mato-grossense”, declarou.
O deputado Walter Rabello pediu parte na fala e mostrou sua preocupação
diante do tema. Afirmou que a Capital não pode ser deixada de lado é que
este será mais um legado. Na sequencia, o deputado Emanuel Pinheiro destacou
que a indefinição diante do tema e a escolha já, a princípio, feita pelo
BRT, causam estranheza. “Parece que o senhor, deputado Riva, vem pregando no
deserto. Tudo o que o senhor fala, seguem o contrário. Sei que está é uma
bandeira sua de longa data. O Ministério Público apresentou ao governador
Silval uma preocupação pertinente de que o que a Agecopa tem a ver com
travessia urbana e intervenção viária. Essas obras são do Governo do Estado
e do Departamento Nacional de Infraestrutura (Dnit)”.
O deputado Hermínio J. Barreto lembrou que a Prefeitura de Cuiabá também tem
que participar das discussões, já que é a responsável pelo trânsito. “Vai
representar o crescimento de Cuiabá dos próximos 30 a 40 anos. Esse debate
precisa ser ampliado”, reforçou. O deputado Sebastião Rezende também pediu
parte na fala e destacou a importância da defesa do deputado Riva pelo VLT.
Segundo ele, é difícil entender quando dizem que o BRT já está escolhido,
uma vez que são recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (Bndes) e que o governo vai pagar.
“Precisamos ter certeza que não teremos prejuízos. Fica a indefinição se
teremos um BRT ultrapassado ou passamos a ter um sistema inovador e moderno.
Além disso, com o BRT serão 1,3 mil desapropriações desastrosas e falam isso
com a maior simplicidade, sendo que essas pessoas não vão sair assim de uma
hora para outra porque é de interesse público. Será uma guerra”, afirmou
Rezende.
O deputado Percival Muniz também mostrou preocupação diante do assunto e
destacou que a população precisa ter mais informações a respeito dos modais
discutidos. Afirmou que o índice de acidentes com o VLT é menor uma vez que
é mais difícil sair dos trilhos, enquanto o BRT é um ônibus grande que terá
dificuldades em fazer curvas, tem que acelerar e frear.
Riva disse que, primeiramente, o Governo do Estado não quis pagar o estudo
de viabilidade às empresas que custaria em torno de R$ 500 mil. Mas, que
desta vez, o estudo foi bancado pelas próprias empresas interessadas. “Agora
quem vai querer fazer estudos de um sistema que não será escolhido? Defendo
um sistema moderno, seja o VLT, o monotrilho ou DMU [VLT a diesel], mas o
pior modelo é o BRT. É difícil entender porque querem o que é pior”,
declarou.
Na ocasião, o deputado Adalto de Freitas parabenizou Riva pelo esforço de
trazer o que é mais moderno e defendeu o VLT. “Acredito que o BRT é
funcional como periférico, mas como eixo estruturante, é um verdadeiro
atraso”. Riva disse ainda que vai conversar com o prefeito de Cuiabá, Chico
Galindo para saber o posicionamento do chefe do Poder Municipal a respeito
do assunto.
VANTAGENS –O tempo de parada do VLT é 30% menor que do BRT, que comporta
apenas 163 passageiros. O VLT é de fácil acesso e tem sistema automatizado,
com a opção de aumento na capacidade de passageiros. É acoplável e 50% mais
rápido.A frota de ônibus rápido (BRT), que enfrenta problemas como buracos
na pista, tem que ser trocada num período de sete anos. Enquanto que o VLT
tem a durabilidade de 30 anos. Num comparativo considerando a frota, o
número de passageiros, manutenção e operação, em um ano, constatou-se que o
VLT gastaria US$ 676 milhões, DMU US$ 513 milhões e BRT US$ 636 milhões.