O pequi, ingrediente tradicional da culinária na região Centro-Oeste brasileira, tem propriedades que podem fazer dele muito mais que um simples tempero. Pesquisa realizada pelo Laboratório de Genética do Instituto de Ciências Biológicas (IB) da Universidade de Brasília (UnB) concluiu que esse fruto, típico do Cerrado, pode ser indicado como eficiente redutor da ação dos chamados radicais livres e está qualificado como coadjuvante no tratamento do câncer.
“O pequi é capaz de proteger as células dos efeitos colaterais (moléculas que se formam no organismo humano e reagem de forma danosa às células sadias) das drogas usadas no tratamento de câncer, que costumam ser muito violentos”, afirma o professor Grisólia César Koppe, coordenador da pesquisa.
Dada a alta eficiência e importância gastronômica e cultural, o deputado José Riva (PP) apresentou o projeto ‘Pró-Pequi’, um programa que institui a política de incentivo ao cultivo, consumo, comercialização e transformação dos derivados do pequizeiro.
Conforme consta no projeto, o Pró-Pequi visa, entre outras composições, identificar e delimitar as áreas propícias e adequadas ao cultivo; desenvolvimento de pesquisas para a preservação das áreas plantadas e produção de mudas para novos plantios; identificação dentro do programa das áreas aptas ao turismo e incentivar sua prática; pesquisa sobre os aspectos culturais e folclóricos identificados com o pequi e divulgar seus eventos comemorativos e datas relevantes; divulgação dos componentes nutricionais e medicinais do pequi; divulgação e desenvolvimento de receitas do pequi e de outras frutas do cerrado.
“É uma forma viável de proporcionar melhores condições de vida ao trabalhador rural, pois a maioria vive da pequena propriedade, onde as atividades são restritas pela ausência de crédito, de assistência técnica e de incentivos para o incremento de novas tecnologias que fomentem o aumento da produção e da produtividade. Essa atividade será fortalecida com o incremento da industrialização rural promovendo a produção de derivados do pequi que tem mercado garantido, bem como de outros frutos do cerrado, graças à tradição de aceitação desses produtos pelos mato-grossenses e pelos turistas que visitam nossa terra”, argumenta Riva.
O ESTUDO
Rico em vitaminas A, C e E e betacarotenóides (componentes com propriedades antioxidantes, que têm a capacidade de proteger o organismo da ação danosa dos radicais livres), o extrato de polpa de pequi foi aplicado em células de ovário de hamster chinês que estavam submetidas também a uma combinação de substâncias como ciclofosfamida e bleomicina (drogas usadas no tratamento de pacientes com câncer).
Os testes estatísticos revelaram que o pequi exerceu efeito protetor contra os danos causados às células por essa combinação. E que, além de amenizar a ação degenerativa das drogas, o extrato da fruta não afeta o índice proliferativo das células sadias. A pesquisa do professor César Grisólia não chega a mensurar essa ação protetora. “Mas já é considerável comprovarmos que o pequi tem essa propriedade. Medir o quanto ele protege as células, aí já é outra pesquisa”, esclarece.