Cerca de 60% dos pacientes em tratamento de depressão podem, na verdade, sofrer de transtorno bipolar. O alerta é da Associação Brasileira de Tratamento Bipolar (ABTB) e, de acordo com a entidade, é de extrema importância o diagnóstico precoce da doença, que é uma das principais causas de afastamento das atividades profissionais.
Dados da Organização Mundial de Saúde indicam que o transtorno bipolar é considerado a sexta causa de incapacitação entre as doenças médicas e o terceiro entre as enfermidades do tipo psiquiátrico. Estima-se ainda que cerca de 30% a 50% dos pacientes que sofrem do transtorno tentam o suicídio e, destes, 20% se suicidam de fato. Estima-se que 4% da população
O transtorno bipolar assim como outras doenças, como diabetes e hipertensão arterial, é crônico e não há cura. No entanto, a enfermidade pode ser tratada e controlada de maneira satisfatória, mas passa pela descoberta precoce da doença, como garante a presidente da ABTB, a psiquiatra Angela Scippa: “Temos que identificar e tratar pessoas com transtorno bipolar, para que tenham uma vida normal e produtiva. É importante ficarmos atentos aos sinais precoces da doença e ao histórico familiar. A abordagem terapêutica inadequada pode trazer sérias consequências para o paciente, como perda de neurônios e baixa qualidade de vida”.
Sintomas
Alterações de humor, com recorrências de fases de mania, hipomania (mania leve) e depressão, que podem durar dias ou meses, e períodos de normalidade, são características do transtorno bipolar.
A fase depressiva caracteriza-se por profunda tristeza, desânimo, sensação de vazio, perda de interesse em atividades ou assuntos que normalmente provocariam prazer, sensação prolongada de cansaço, fadiga, mudanças nos hábitos alimentares e de sono e pensamentos suicidas. Já a fase de mania ou hipomania apresenta sintomas de irritação ou euforia, pensamento e fala rápidos, fácil distração, insônia, comportamento impulsivo e de risco, e agressividade.
Causas
Inicialmente, o transtorno bipolar manifesta-se na fase da adolescência. Cerca de 60% dos casos ocorrem antes dos 20 anos de idade, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária. Os motivos que levam a alguém a sofre da doença ainda não totalmente conhecidos, no entanto, sabe-se que há uma combinação de fatores como a predisposição biológica e o meio ambiente.
“Crianças, cujos pais têm a doença e vivem em ambientes desorganizados e vivenciam a triste rotina de um paciente com transtorno bipolar, têm grandes chances de vir a sofrer também da doença. Sabemos que maus tratos e negligência na infância, assim como o abuso sexual são fatores de risco para o aparecimento do TB. Esta é mais uma razão importante para identificar e tratar precocemente o portador de transtorno bipolar”, alerta a presidente da ABTB, Angela Scippa.
Segundo a psiquiatra, há diferenças na consequência da doença entre homens e mulheres: “Embora a prevalência seja igual em homens e mulheres, as mulheres têm maior associação do transtorno bipolar com outros transtornos de ansiedade, como o do pânico e as fobias, e podem apresentar piora significativa dos sintomas durante o período pré-menstrual e puerpério, a fase pós-parto. Já os homens têm maior tendência ao consumo de drogas ilícitas e álcool”.
O diagnóstico é feito com base na história clínica do paciente e seu histórico familiar. Ainda não existem exames laboratoriais ou de imagem para diagnosticar o transtorno bipolar. O tratamento inclui medicamentos e psicoterapia e o objetivo é eliminar o mais rápido possível os sintomas agudos da doença e evitar novas crises.
JornaldoBrasil