No quarto aniversário da Guerra do Iraque, democratas desafiaram no Congresso uma ameaça de veto do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, sobre uma lei que prevê a retirada das tropas do país árabe até 2008. A legislação, no que depender dos democratas, será votada ainda nesta semana, segundo os legisladores
Iraquianos socorrem ferido após explosão de carro-bomba em Kirkuk, ao norte de Bagdá
A lei que será votada inclui ainda um pedido emergencial feito por Bush de quase US$ 100 bilhões para financiar as guerras no Iraque e no Afeganistão em 2007.
Enquanto os protestos aumentam nos EUA por ocasião dos quatro anos da Guerra do Iraque, os democratas tentam apressar o fim do conflito, mas continuam buscando apoio no Congresso para trazer os soldados de volta para casa. O partido ainda não conquistou a maioria dos votos de que a medida precisa para ser aprovada.
A Câmara dos Representantes (deputados) marcou para a próxima quinta-feira a votação sobre o pedido de fundos de Bush e sobre a fixação de um prazo para o fim da guerra. Os democratas defendem que este prazo seja fixado para 1º de setembro de 2008.
Até lá, eles pretendem proibir Bush de enviar mais soldados americanos para o combate no Iraque, a não ser que ele possa certificar que as tropas estão propriamente treinadas, equipadas e descansadas.
Ameaça
No final da noite de ontem, a Casa Branca emitiu um comunicado afirmando que Bush vetará esta lei caso ela seja aprovada, colocando o presidente em uma rota de colisão política com o Congresso dominado pela oposição democrata.
“Essas medidas do Congresso colocam a liberdade e a democracia do Iraque em grave risco, fortalecem nossos inimigos, e prejudicam o plano do governo de desenvolver as Forças de Segurança iraquianas e a economia do país”, diz o texto.
Desde o início da operação militar no Iraque, o governo americano calcula ter gasto mais de US$ 290 bilhões. Para algumas organizações independentes, este custo pode ser ainda maior: a ONG National Priorities Project, um grupo independente que visa medir os gastos governamentais em diversas áreas, diz que a Guerra do Iraque já consumiu mais de US$ 409 bilhões ao cofres públicos americanos.
Violência
Alheia às discussões em Washington, a violência no Iraque entra no quinto ano e não dá tréguas. Na última quinta-feira (15), o Departamento de Defesa dos EUA admitiu em um relatório que o Iraque enfrenta uma guerra civil.
O documento descreve que o período entre outubro e dezembro de 2006 como o mais violento do conflito desde a invasão americana há quatro anos, e aponta que “alguns elementos [do conflito] no Iraque podem ser considerados parte de uma guerra civil”.
Efe
Iraque enterra vice-presidente Taha Yassin Ramadan em 4º aniversário da guerra
Hoje, foi executado no país o vice-presidente de Saddam Hussein, Taha Yassin Ramadan. Segundo a TV pública iraquiana Al Iraqiya, Ramadan foi executado antes do amanhecer, por volta das 3h da madrugada (21h desta segunda-feira, no horário de Brasília).
Ele foi sepultado a poucos metros do lugar onde Saddam foi enterrado, em Awja (10 km ao sul de Tikrit), capital da Província sunita de Salah ad Din, 170 km ao norte de Bagdá.
Os restos mortais foram acompanhados por Badr Awad al Bandar, um dos advogados da equipe de defesa no julgamento que condenou Ramadan à morte. Segungo Ali al Nada, chefe da tribo de Bu Naser –à qual Saddam pertencia– afirmou que a filha mais velha de Saddam, Raghad, deu permissão para enterrar Ramadan no mesmo local que seu pai.
No local, também estão enterrados os dois filhos do ditador iraquiano, Uday e Qusai, seu neto Mustafa, seu meio-irmão, Barzan Ibrahim al Hassan, e o chefe do tribunal revolucionário Awad al Bandar. Ambos foram condenados à forca ao lado de Saddam. O ditador foi executado na forca em 30 de dezembro de 2006, e os dois co-acusados em janeiro último.
Ramadan foi inicialmente sentenciado à prisão perpétua em novembro de 2006 por envolvimento na morte de xiitas em Dujail. Ele foi considerado culpado por participar da detenção, tortura e morte sistemática de 148 homens, mulheres e crianças da vila em 1982. Posteriormente, a sentença foi mudada para pena de morte.
Carro-bomba
Pouco depois da execução de Ramadan, na madrugada desta terça-feira, um carro-bomba explodiu perto de uma delegacia de polícia em Bagdá, matando cinco pessoas e ferindo 17.
Segundo a polícia, 30 corpos com sinais de execução foram recolhidos ontem na capital. As explosões e execuções diárias fizeram crescer os apelos para que os EUA retirem suas tropas do país. No entanto, o presidente George W. Bush diz que “ainda não é hora de sair”.
Defesa da guerra
Ontem, na véspera do aniversário de quatro anos do conflito, Bush defendeu sua política no Iraque, enquanto pesquisas apontam que os iraquianos não confiam nas forças americanas.
Com sua popularidade no nível mais baixo desde que foi eleito, Bush pediu mais tempo para seu plano de enviar cerca de 30 mil soldados adicionais para estabilizar Bagdá.
“Pode ser tentador olhar para os desafios no Iraque e concluir que a melhor opção é ir para casa. Isso pode trazer satisfação a curto prazo, mas as conseqüências para a segurança dos EUA seriam devastadoras”, afirmou.
Em janeiro, Bush anunciou que enviaria 21.500 soldados extras ao Iraque, em sua maioria para Bagdá. O número subiu para 30 mil posteriormente, com a adição de equipes de apoio.
FO