Os delegados da Polícia Federal (PF) pretendem, a partir do mês de abril, pressionar o governo federal a priorizar e intensificar as operações de combate à corrupção em todo o Brasil. A intenção é formalizar um documento que sugira concentração das atribuições dos policiais federais nessa linha de investigação. A proposta será apresentada à atual direção da PF e ao Ministério da Justiça.
Dia 12: Policiais federais pedem reajuste e definição de atribuições da categoria
Os delegados vão discutir como definir essas atribuições de forma mais clara durante o VI Congresso Nacional dos Delegados de Polícia Federal (CNDPF). O evento ocorrerá entre os dias 2 e 5 de abril em Vila Velha, Espírito Santo. A expectativa é de que pelo menos 250 delegados participem do encontro.
Segundo o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Ribeiro, os delegados tentam discutir com a direção do órgão uma política de priorização de funções. “Para sermos eficientes, temos de ser mais seletivos”, disse Ribeiro.
Os delegados querem que os policiais federais priorizem investigações contra corrupção (o que envolveria também lavagem de dinheiro e desvios de recursos públicos), grupos criminosos transnacionais ou interestaduais. Os demais crimes, como por exemplo furtos de cargas, nesse modelo, perderiam prioridade dentro do órgão. “O foco deve se basear no que a sociedade espera”, declarou Ribeiro.
Fevereiro: PF bate recordes em operações especiais, mas sindicato critica sucateamento
Os delegados também querem discutir essa “nova PF” com o Ministério Público e com o Congresso Nacional. Eles pretendem estimular que parlamentares apresentem projetos de lei que definam essas prioridades para a PF nos próximos anos.
Hoje, a Polícia Federal acumula várias atribuições. Elas vão desde questões administrativas, como a emissão de passaportes, a investigações de tráfico de drogas, crimes contra a corrupção e sobre falsificação de dinheiro. Dados do órgão apontam que, no ano passado, foram realizadas 301 operações especiais. Destas, 56 foram específicas para combater a corrupção.
Ao todo, o órgão instaurou em 2013 108 mil inquéritos. Destes, cerca de 12 mil eram relacionados a crimes de corrupção, desvio de recursos e lavagem de dinheiro. Esses inquéritos, conforme a PF, apuram irregularidades que chegam a R$ 15 bilhões em movimentações.
Na atual gestão, tanto delegados quanto agentes já se manifestaram contra o tratamento mais intenso dado pelo governo para o combate ao tráfico de drogas, o monitoramento das fronteiras e o apoio aos grandes eventos, como as visitas do papa Francisco e a Copa das Confederações.
Apesar de pretender pressionar o governo a intensificar o combate à corrupção, os delegados querem discutir com a sociedade a nova missão da PF. “Temos de estabelecer e planejar a Polícia Federal do século XXI e essa discussão terá a participação da sociedade”, disse Ribeiro.
IG-Brasilia
Wilson Lima