O advogado Omar Khallil, que faz a defesa do ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, afirmou, que seu cliente decidiu confessar ao Ministério Público Federal (MPF) todos os crimes cometidos nos 16 anos em que esteve em cargos importantes no Governo do Estado.
Para conquistar mais bônus junto à Justiça, e receber pelo menos um perdão parcial da pena, Pedro Nadaf aceitou revelar atos ilícitos e nomes de envolvidos, que até o momento, ainda não foram citados nas operações de investigação do Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
“Sim. Ele revelou [crimes] que ainda não existem processos e que, agora, está sob investigação”, afirmou o advogado.
As confissões de Nadaf, segundo Khalil, fazem parte do acordo de delação premiada que foi homologada pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“É uma colaboração que prevê alguns anexos e ele não pode ter reserva mental, ou seja, qualquer ato ilícito que ele cometeu no Governo foi relatado”, explicou.
Com as 'novas revelações', o ex-secretário – que era o homem de confiança do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) para negociar propinas – conseguiu a tão sonhada redução de pena.
“Ele teve uma redução de pena como prevê a lei de colaboração premiada. Ele fez o ressarcimento dos danos causados, mas o valor eu não posso falar porque está sob sigilo”, destacou advogado.
No entanto, Omar Khalil disse que, neste momento, ainda não pode especificar como será os benefícios que a Justiça autorizou a Nadaf.
“Essa questão da redução é meio ambíguo isso. Ele teve os benefícios da colaboração premiada, mas isso não significa que ele não vá cumprir pena”, completou.
Pagamentos de propina
O Ministério Público do Estado (MPE) já sabe que Nadaf era peça fundamental na arrecadação de propina que abasteceu com centenas de milhões de reais, o grupo criminoso que comandou o Governo do Estado até o fim de 2014. O sucesso no 'mundo dos negócios ilícitos' foi tanto que o então secretário foi promovido a porta-voz do ex-governador Silval Barbosa.
Em seu depoimento de confissão à Justiça, Silval revelou que o ex-secretário se tornou seu ‘braço direito’ após exercer uma função estratégica e muito importante na abordagem de empresários, para levantamento de recursos durante a campanha ao comando do Palácio Paiaguás em 2010. À época, o então secretário da Secretaria de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme) já cobrava propina de empresários em troca da concessão de incentivos fiscais.
Na confissão, o ex-governador deixa claro que o poder de articulação e o fato de seu ex-secretário comandar a Federação do Comércio (Fecomércio) facilitava a arrecadação de dinheiro ilícito juntos a empresários. O sucesso no ‘mundo crime’ proporcionou a Nadaf uma promoção como porta-voz do Governo de Mato Grosso, o cargo mais importante do staff estadual depois do chefe de Estado.
Nadaf “assumiu o papel de Eder Moraes” na Casa Civil, a partir de 2013, com a missão de ainda exercer a função de articulador entre “os secretários, bem como, agia administrando o pagamento das dívidas contraídas pelo grupo criminoso e mantinha contato com operadores financeiros”.
Na Casa Civil, o ex-secretário foi peça-chave para oferecer a concessão de incentivos fiscais ao dono da do grupo Tractor Parts, João Rosa, em troca de R$ 2,5 milhões em propina. O caso resultou na 1ª fase da Sodoma e na prisão do ex-governador, de Nadaf e Marcel de Cursi, ex-secretário de Fazenda.
O ex-chefe da Casa Civil também ajudou na formação de uma organização criminosa, que 'lavou' R$ 7 milhões por meio da falsa compra de um terreno que pertencia ao Estado. Os crimes vieram à tona durante a Operação Seven, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que resultou em novo mandado de prisão.
Em Mato Grosso, Nadaf também fez delação premiada e, atualmente, está solto cumprindo apenas medidas cautelares, além do uso de tornozeleira eletrônica.
Com RepórterMT