O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, citou em entrevista coletiva, os três desafios que estão sendo enfrentados pelo governo federal neste momento: defender o mercado, defender o real e aumentar a produtividade do trabalhador brasileiro.
Indicadores mostram mudanças no perfil do trabalhador brasileiro.
Entende o que é mercado de câmbio.
“Temos que defender o mercado brasileiro, sem fechar a economia. Não estou falando de voltar a práticas protecionistas do século XIX e XX. Estou falando de defender o mercado de práticas predatórias e de comportamentos ilegais e fraudulentos”, disse ele, sobre o primeiro desafio.
De acordo com Pimentel, a crise econômica internacional restringiu os mercados tradicionais, como Estados Unidos e União Europeia, e aumentou a cobiça pelo acesso aos mercados dos países emergentes. “Diante desse cenário, é necessário aumentar a defesa comercial, sempre, porém, de acordo com as regras da Organização Mundial de Comércio”, frisou o ministro.
“Fechar a economia seria um retrocesso. A economia brasileira tem que estar aberta e exposta à competição”, afirmou Pimentel, que acrescenta que a defesa da moeda – o real – tem de ser feita sem que isso reflita em aumento de inflação.
Para Pimentel, a política de expansão monetária norte-americana e da União Europeia resultam em um efeito perverso de valorização das moedas dos países emergentes. Por isso, é necessário evitar que o real se valorize demais, “mas não podemos fazer isso de forma muito arrojada para evitar um impacto inflacionário. É um equilíbrio sensível”, declarou o ministro.
O aumento da produtividade do trabalho também deve ser perseguido sem ferir os direitos trabalhistas, segundo Pimentel, que considera que o desenvolvimento econômico brasileiro está associado ao desenvolvimento social, ligação que será mantida. Ele comentou que, com a crise internacional, alguns países estão reduzindo os direitos trabalhistas. “O capital criou essa crise e agora quer que o trabalho pague. Não é justo, e não é esse o caminho que o Brasil vai seguir”, afirmou.
Brics
Pimentel também falou sobre IV Cúpula do Brics – o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que será realizada em Nova Delhi, no dia 29 de março.
O ministro comentou que o governo brasileiro estuda com simpatia a proposta de criação de um banco de desenvolvimento composto pelos bancos centrais dos países do bloco. “Está em estágio inicial e não aprofundamos ainda nos detalhes operacionais, mas acho que podemos avançar nesta proposta durante esta reunião”.
Estados Unidos
A respeito da visita da presidenta Dilma Rousseff aos Estados Unidos, em abril, Pimentel disse o governo brasileiro quer discutir os reflexos da expansão monetária do dólar com o parceiro americano. O ministro avalia positivamente as relações comerciais com os Estados Unidos, mas afirma que sempre há ajustes a serem discutidos. “Hoje, não temos nenhuma grande divergência com os nossos principais parceiros comerciais. Ao contrário, estamos sempre trabalhando em cooperação com esses países”, complementou.
Pimentel adiantou que a presidenta visitará estudantes brasileiros em universidades norte-americanas beneficiados pelo programa Ciência Sem Fronteiras que, até o final deste ano, vai atender a 18 mil alunos de cursos de ciências exatas e biológicas.
China
Sobre a China, Pimentel acredita na possibilidade de utilizar as moedas locais para realizar as trocas comercias entre os dois países. “Vemos com simpatia, mas achamos que só será utilizado com países que tenham um volume significativo de comércio, que é o caso da China”, afirmou.
México
O ministro também comentou a revisão do acordo automotivo com o México. “Fiquei surpreso com algumas críticas que foram feitas sobre esse processo. Não houve quebra de regras e nenhuma ruptura. Foi uma negociação comercial normal. É uma relação comercial ótima. Os mexicanos irão continuar a vender automóveis para o Brasil e nós também vamos continuar a vender para eles”, concluiu Pimentel.
Fonte:
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior