O Grupo Petroluz, composto pelas empresas que mais venderam combustível em Mato Grosso em 2005, teve deferido ontem o pedido de recuperação judicial. A decisão é do juiz da Vara de Falência e Concordata de Várzea Grande, Theomar de Oliveira.
A empresa é considerada a segunda maior empregadora de Várzea Grande com 326 empregados. Segundo decisão do magistrado, que teve parecer favorável do promotor Clovis de Almeida, o Grupo Petroluz, formado por empresas de distribuição, transporte e venda de combustíveis a varejo em postos de gasolina, deverá apresentar no prazo de sessenta dias um Plano de Recuperação, que contemple a forma de pagamento aos credores quirografários, credores com garantia real e credores trabalhistas.
A empresa ajuizou a ação no dia 10 de agosto, em vista da incapacidade de honrar compromissos financeiros imediatos junto a seus credores e fornecedores, estando na iminência de ter seus ativos apreendidos, o que inviabilizaria de vez a sua capacidade de reerguer-se, já que grande parte de sua frota de 230 veículos é financiada.
Durante o trâmite da ação, conforme decisão judicial, não poderão os credores ajuizar medidas visando constringir os ativos do grupo, que irá buscar a reestruturação através de novos modelos mais rígidos de gestão, investimentos em tecnologia, desmobilização de ativos, redução de encargos nos financiamentos e repactuação dos prazos para pagamento de seus débitos.
Não descartando ainda do Grupo a compensação de débitos com valores pagos a seus credores nos últimos anos, eis que os juros cobrados beiravam 5% ao mês, o que constitui claramente um enriquecimento muito alto do setor financeiro em detrimento da atividade produtiva. De acordo com o histórico financeiro da empresa, no último exercício foram pagos mais de R$ 4 milhões só a título de juros para o mercado financeiro.
Segundo o advogado Euclides Ribeiro, a situação do Grupo Petroluz tornou-se insustentável pelas altas despesas financeiras decorrentes da escassez de crédito no mercado, em vista da crise na agricultura e das inúmeras empresas distribuidoras de combustível que conseguiam manter-se operando através da elisão fiscal, prática danosa na economia do Estado.
ESTRUTURA
O Grupo Petroluz conta atualmente com 326 empregado, sendo o segundo maior empregador da cidade industrial. A falência do grupo colocaria a economia de Várzea Grande em estado caótico, já que, além de ser o segundo maior empregador privado do município, é responsável pelo maior recolhimento de tributos.
O grupo segue o exemplo da Construtora Sabóia Campos que, estando a beira da falência há um ano atrás, teve aprovado seu Plano de Recuperação em julho deste ano e agora, saneada financeiramente, está efetuando novas contratações para execução da Rodovia Poconé – Porto Cercado, obra que gerará à empresa R$ 12 milhões de receitas e está gerando mais de 150 empregos diretos, além de R$ 2,4 milhões de tributos.
O advogado Euclides Ribeiro avalia as distribuidoras ilegais como fator nocivo ao desempenho do grupo, já que a margem de lucro do combustível é muito pequena, e a clandestinidade proporciona desigualdade. “A concorrência desleal prejudica empresas sérias como a Petroluz”, fala. Porém a seriedade da empresa, segundo ele, proporcionou que a recuperação judicial fosse um sucesso. “Empresas que operam na ilegalidade não têm chance de conseguir o que conseguimos no caso da Petroluz”, avaliou.
O Grupo Petroluz, conforme consta em sua petição inicial endereçada ao Poder Judiciário, quer negociar de forma coletiva com todos seus credores prazos de até 15 anos para pagamento de seu passivo, contando com compreensão de seus credores, com quem mantém uma relação muito honesta e lucrativa, para os credores, já por mais de uma década.
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