Makayla Sabino, que dançou com a carioca no Rock in Rio, já arrecadou R$ 13 mil
A transexual carioca Makayla Sabino criou uma vaquinha da web para realizar o sonho de fazer a cirurgia de redesignação sexual. Moradora do Complexo do Alemão, favela da Zona Norte do Rio, a dançarina de 21 anos quer arrecadar cerca de R$ 50 mil para custear todo o processo, que será feito no Brasil.
Makayla passou a se apresentar no balé de Anitta no último Rock in Rio, e de lá pra cá, tem feito alguns trabalhos com a cantora e também com MC Rebecca. Há pouco mais de um ano, ela conseguiu mudar de nome e gênero nos documentos, uma batalha que vinha travando desde 2017 na Justiça.
“A cirurgia é o meu maior sonho no momento. Gostaria de fazer aqui no Brasil, para ter uma segurança maior de ter pessoas, família, aqui para me ajudar no pós-cirúrgico. Quando lancei a vaquinha, fiz mais ou menos no valor da cirurgia, coloquei como uma base para ter início. Comecei a pesquisar pessoas e lugares para fazer, e o cirurgião mais indicado foi o dr. Márcio Litteton. Inclusive, falei com algumas mulheres trans que foram operadas por ele, e que foi um sucesso. Ele que fez a cirurgia da (ex-BBB) Ariadna também”, diz Makayl, que já arrecadou quase R$ 13 mil, ou seja, 26% do valor que precisa.
“São vários gastos, tenho que pagar para começar o tratamento psicológico e acompanhamento médico durante um ano para fazer a cirurgia, depois tem que pagar o hospital, o cirurgião, a anestesia, os remédios, e tem o pós também. Realmente não tenho grana para isso. Estou contando com a vaquinha ou alguém cirurgião, uma alma caridosa aparecer e fazer pela metade do preço. Estou nessa esperança desse sonho e correndo atrás o máximo que eu posso”, explica.
Criada só pela mãe, uma ex-corretora de imóveis que hoje vende bijuterias, a agora famosa moradora do Alemão sofreu bullying na escola e perdeu as contas de quantas vezes foi alvo de chacota nas ruas por ser trans. O preconceito também veio de alguns membros da família (o pai demorou a aceitá-la e uma das avós, que é evangélica, ainda a chama pelo nome masculino). Sem falar nos muitos “nãos” que ela recebia quando se candidatava para vaga de dançarina.
“Já ouvi de produtores que eu não ia fazer parte do trabalho por ser uma mulher trans. Cheguei a pensar que eu nunca ia conseguir dançar com cantores famosos e chegar aonde eu cheguei. Pensei muito em desistir. É muito difícil, porque machuca demais”, diz Makayla, que hoje enxerga um olhar diferente dos outros sobre ela:
“No meu ambiente de trabalho eu já senti que a posição de muita gente mudou. Na minha família e onde eu moro também. Sempre fui respeitada, porque eu sempre me impus muito, mas, depois do Rock in Rio, criou-se um respeito maior pelo meu trabalho e por mim”.
E muito disso, afirma ela, é graças também a Anitta, que deu a Makayla a grande chance da sua vida: “Ela foi super atenciosa e carinhosa comigo. Acho incrível ela começar a abrir portas que já deveriam terem sido abertas há muitos anos. Ela é a cantora que deu a cara a tapa. E ela não me apoiou só na mídia. No segundo dia de ensaio, ela me chamou e demonstrou preocupação e muito respeito comigo”, diz.
Transição: a saga
Dançarina, atriz e modelo desde os 15 anos, Makayla começou a transição aos 17, com o apoio da mãe e após um período de aceitação própria.
“Cresci num meio onde ser travesti era ‘um problema’. Ouvindo que gay tinha que ser ‘comportado’, ‘no padrão’… Então, rolou uma dificuldade para eu entender. Fui estudar primeiro antes de me assumir para todo mundo e para explicar para os outros o que eu sou. Primeiro me assumi como gay, e através da cultura Ballroom, que é um estilo de dança que eu estudo, comecei a ter espelhos de mulheres trans dentro dessa cena. Foi quando eu percebi que ser trans não era um problema”.
Fonte: undefined – iG @ https://gente.ig.com.br/celebridades/2021-01-12/dancarina-trans-de-anitta