O sequestro de carbono em sistema de produção sob plantio direto está programado para ser tema de audiência pública na Assembléia Legislativa.
Com o evento, o presidente e o 2º secretário da instituição, respectivamente deputados José Riva (PP) e Dilceu Dal’Bosco (DEM) – seus idealizadores – pretendem reunir segmentos e setores diretamente ligados ao tema para discutir e debater novas alternativas de projeto com a participação dos palestrantes doutor João Carlos de Moraes Sá e ex-ministro da Agricultura Alisson Paulinelli.
O conceito de seqüestro de carbono foi consagrado pela Conferência de Kyoto, em 1997, com a finalidade de conter e reverter o acúmulo de CO2 na atmosfera, visando a diminuição do efeito estufa.
Segundo Riva, por conta da quantidade produzida, o CO2 é o gás que mais contribui para o aquecimento global. “Suas emissões representam aproximadamente 55% do total das emissões mundiais de gases do efeito estufa. Por sua vez, o tempo de sua permanência na atmosfera é, no mínimo, de 100 anos. Significa que as emissões de hoje têm efeitos de longa duração, podendo resultar em impactos no regime climático ao longo dos séculos”, explicou o presidente.
Para Dal’Bosco, a conservação de estoques de carbono nos solos, florestas e outros tipos de vegetação; a preservação de florestas nativas; a implantação de florestas e sistemas agroflorestais e a recuperação de áreas degradadas são algumas das ações que contribuem para a redução da concentração do CO2 na atmosfera.
“Os resultados do efeito Seqüestro de Carbono podem ser quantificados através da estimativa da biomassa da planta acima e abaixo do solo, do cálculo de carbono estocado nos produtos madeireiros e pela quantidade de CO2 absorvido no processo de fotossíntese”, observou o democrata.
Para se avaliar os teores de carbono dos diferentes componentes da vegetação – parte aérea, raízes, camadas decompostas sobre o solo, entre outros – e, por consequência, contribuir para estudos de balanço energético e do ciclo de carbono na atmosfera, é necessário inicialmente se quantificar a biomassa vegetal de cada componente da vegetação.
No requerimento solicitando a audiência, Dal’Bosco e Riva argumentaram que desde 1990 a área de lavouras cultivadas sob a sistema de plantio direto (PD) aumentou de aproximadamente 1Mha aos atuais 10 M ha. Eles também consideram ser inquestionável que esse modelo gere grandes benefícios em termos da proteção do solo, com a redução da erosão e a preservação da sua fertilidade.
“Existe um consenso que solos sob PD acumulam mais matéria orgânica (C) do que solos sob o plantio convencional (PC). Com a continuação da expansão da área sob esse sistema de manejo, é grande a possibilidade de que esta acumulação do C, derivado do CO2 da atmosfera, possa representar uma contribuição significativa no seqüestro de gases de efeito estufa no Brasil.
Isso geraria um grande impacto no inventário destes gases”, diz o requerimento assinado por Dal’Bosco e Riva.
A audiência pública está inicialmente prevista para acontecer a partir das nove horas do dia 22 de setembro próximo, no Plenário Deputado Renê Barbour – na sede da AL.