Os dados da movimentação bancária do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, poderão ser consultados por deputados e senadores a partir de amanhã (16). De acordo com o presidente da CPI mista (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do Cachoeira, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), as informações foram enviadas ontem (14) pelo Banco Central.
"A partir de amanhã, o senhor poderá mergulhar na sala secreta e ter acesso a todas as informações", respondeu Vital do Rêgo à indagação de um dos integrantes da CPI, que reclamou da demora para ter acesso às informações.
A quebra do sigilo bancário de Cachoeira abrange o período de 2002 até agora. Cachoeira está preso desde fevereiro, suspeito de comandar uma organização criminosa de exploração de jogos ilegais e de montar uma rede de tráfico de influência envolvendo políticos e autoridades, entre eles, o senador Demóstenes Torres (sem, partido-GO).
Cachoeira foi preso em decorrência da Operação Monte Carlo que, em conjunto com a Operação Vegas, ambas da Polícia Federal, investigaram as ligações de Cachoeira com o jogo ilegal.
CPI reconvoca Cachoeira para depor
Depois de ter frustrado o depoimento desta terça-feira, a CPI do Cachoeira voltou a convocar o bicheiro e empresário pivô do escândalo de corrupção para falar no Congresso no dia 22. Até lá, a defesa dele deverá ter acesso aos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal.
Nesta segunda-feira (14), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, concedeu um habeas corpus a Carlinhos Cachoeira para que não atendesse à convocação da CPI para falar hoje. Sua defesa já havia adiantado que ele não responderia às perguntas.
Há quase 200 requerimentos em análise da CPI, muitos deles sugerindo convocações de governadores, como o goiano Marconi Perillo (PSDB), outros de abertura de sigilos bancário e fiscal e até de checagem da venda de automóveis de concessionárias. Segundo a equipe técnica da CPI, muitos desses requerimentos se chocam.
Até a próxima terça, Cachoeira também poderá ter concluído o julgamento no STJ. (Com Agência Brasil e reportagem de Maurício Savarese, do UOL, em Brasília).
Habeas corpus negado
A maioria dos ministros da 5ª turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) negou hoje o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para libertá-lo do presídio da Papuda, na capital federal. O julgamento foi suspenso depois de o desembargador Adilson Macabu, do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), pedir vista ao processo.
O habeas corpus só será rejeitado de fato quando Macabu, que não é membro do STJ, revisar o processo. Para o ministro Gilson Dipp, um dos três que votaram contra a libertação de Cachoeira, existe "probabilidade altíssima de [o bicheiro] voltar a agir". Ele disse ainda que os crimes cometidos pelo contraventor justificam sua prisão. Quatro ministros participam do julgamento –a ministra Laurita Vaz, que é de Goiás, preferiu não votar.
UOL-SP