O ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, citou em depoimento à juíza Selma Rosane Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, uma lista de deputados estaduais, que segundo ele, teriam recebido propina na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Na tarde desta sexta-feira (28), o réu das operações Seven e Sodoma negou que tenha participado do esquema que gerou o pagamento de propina, na ordem de R$ 15 milhões, por meio da desapropriação de um terreno no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
Marcel disse que não sabia do esquema montado no âmbito da Casa Civil e que tem conhecimento dos fatos apenas por meio dos processos da Operação Sodoma.
“Eu desconheço do que se trata. Não fiz pagamento e nunca discuti esse assunto com ninguém. Ninguém me chamou para falar ‘faça e esse pagamento que terá retorno’".
O ex-secretário apontou que a acusação trata-se de um grave engano e que, inclusive, o ex-secretário-chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, já o isentou quando retratou seu depoimento à Polícia Fazendária.
“Tem um grave engano. Pedro Nadaf se retratou sobre o pedido de propina. Ele fez a retratação e alterou seu depoimento. O Nadaf disse que esse pagamento de R$ 700 mil foi repassado à deputada Luciane Bezerra [PSB]”.
Cursi citou os nomes dos deputados estaduais Wagner Ramos (PSD), Mauro Savi (PSB) e Guilherme Maluf (PSDB) como recebedores de propinas desse esquema. Ele afirmou que os nomes constam nos processos da operação.
“Há uma estratégia [ele não especifica de quem] de pessoas com prerrogativa de foro. Foi pago para sicrano ao invés de beltrano. Colocaram nomes de outras pessoas com o objetivo de talvez esconder pagamentos a esses deputados".
"Eu acredito que há pessoas com foro privilegiado que estão sendo preservadas. Eu quero citar, por exemplo, a Luciane Bezerra", afirmou Cursi.
Na sequência, ele destacou pagamentos aos deputados Romoaldo Júnior (PMDB), Mauro Savi (PR), Wagner Ramos e Guilherme Maluf (PSDB). "Esses nomes não aparecem na denúncia!".
"Eu consigo perceber que muitos com prorrogativos de foro estão ficando de fora. Não estou acusando, mas eles estão induzindo a Justiça e com isso ficando de fora", disse Marcel.
Marcel disse que foi inserido nessa denúncia e nunca falou, nem recebeu o empresário Antonio Carvalho, dono da Santorini Empreendimenos Imobiliários e delator do esquema.
"Eu nunca vi esse homem (Antonio). Conheci apenas por vídeo. Para chegar a um secretário de Fazenda tem que ter uma agenda e não chegar entrando pelas cancelas como ele afirmou aqui na audiência".
O ex-secretário ainda revelou que Pedro Nadaf usou seu nome sem autorização em documento do Governo.
"Nadaf usou meu nome sem autorização e avisei para ele: ''ocê publicou um ato sem minha assinatura'. Em cinco minutos o governador me chamou e disse: 'vocês têm ser mais cautelosos, eu não mando documento em branco'. O governador disse que ia conversar com ele, pois já era a terceira vez".
Cursi ainda pontuou que o arranjo de acusações contra ele foi construído dentro da cela do Centro de Custódia da Capital, quando so envolvidos estavam presos. "Afonso Dalberto [ex-presidente do Intermat], Pedro Elias [ex-secretário de Administração] e Pedro Nadaf ficaram presos juntos e para construir um arranjo contra mim fica fácil. Eles tem relações curiosas".
O depoimento do ex-secretário foi encerrado sem questionamentos por parte da promotora de Justiça, Ana Cristina Bardusco, e das defesas dos demais acusados.
Com RepórterMT