O caramujo que você vê invadindo seu quintal põe 400 ovos de uma só vez, pode chegar a 20 centímetros e é considerado uma praga perigosa.
O Achalina fulica, ou caramujo africano, como é mais conhecido, foi introduzido na década de 80 no Brasil e já se arrastou para praticamente todos os estados. Resistente às variações de clima e temperatura, ele é considerado um exemplo de como uma espécie estranha ao meio pode causar desequilíbrio ecológico, prejuízos e risco para a saúde.
Com as chuvas de março, os caramujos têm mais facilidade de se espalhar e, nas últimas semanas, tomaram ruas e terrenos de diversas cidades de todo o País, devoraram hortas e plantações e fizeram com que as autoridades reforçassem alertas para que a praga seja combatida. “O caramujo africano está em praticamente todo o Brasil. Em São Paulo, há uma verdadeira infestação. No interior há muitos mesmo”, relata Silvana Thiengo, pesquisadora do Departamento de Malacologia, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma das principais especialistas no assunto.
O trabalho de combate é
coordenado pelo Ministério da Saúde e executado pelas prefeituras locais, que devem ser chamadas no caso de infestações. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) acompanha, fazendo recomendações e orien-
tando os técnicos. Os caramujos são recolhidos, têm as
conchas quebradas e são mortos. Não se deve usar sal para tentar o controle por existir
o risco de salinização do solo. De acordo com o Ibama, o caramujo invasor foi introduzido há cerca de vinte anos por criadores de
escargot, o molusco que é servido em restaurantes franceses. Maior e mais gordo, o africano foi visto, de início, como uma alternativa rentável, mas revelou-se um fracasso total devido à resistência do público ao seu sabor, aparência e textura. Frustrados, muitos produtores os jogaram no lixo ou os soltaram, causando a proliferação.
O principal problema é o impacto no meio ambiente, já que eles competem por alimento com outras espécies e devoram hortas, plantações e florestas, conseguindo até subir em árvores. O caramujo africano pode também transmitir doenças. “Recentemente, registramos dois casos de meningite no Espírito Santo. Ainda é uma coisa rara, mas existe a possibilidade e isso preocupa”, diz a especialista.
F.U/Por Daniel Santini