Aline Barbosa
Em 2016 o Brasil passou por um surto de microcefalia eram centenas de crianças que nasceram com a doença provocada pelo Zica Vírus transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti. Na mídia a única notícia que era propagada era o drama que as famílias passavam para cuidar da criança e como a vida das mães eram afetadas.
Fernanda Pereira da Silva mãe do pequeno Murilo Silva Araújo de um ano e oito meses, faz parte dessa estatística. Ela contraiu a doença quando estava grávida de dois meses e após o nascimento se viu obrigada ir embora de Pontes e Lacerda (445 km de Cuiabá), para morar na Capital, em busca de tratamento adequado para o seu filho.
“Fiquei sabendo da condição do meu filho no sétimo mês de gestação. Passei uma semana de luto, não queria conversar com ninguém da minha família e muito menos escutar o que as pessoas tinham pra dizer sobre o assunto. Porém, foram somente esses dias, e resolvi não antecipar a situação, acredito que essa postura tenha ajudado aceitar a condição do Murilo”, disse Silva.
Segundo o Ministério de Saúde é considerado microcefalia os recém-nascidos que tenha o perímetro cefálico de 31,9 cm para meninos e 31,5 cm para meninas, de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 2016 o padrão para diagnóstico da doença havia diminuído de 33 cm para 32 cm.
Mesmo morando em Cuiabá descobriu que o maior problema não era a patologia do seu filho, mas, o preconceito que as pessoas tinham. Para mudar essa situação ela decidiu criar uma rede de apoio através do aplicativo Whatsapp na qual fundou o grupo ‘Unidas Pelo Amor’, que possui aproximadamente 100 participantes, que trocam experiências, e promovem encontros com os seus filhos em parques, cinemas e outros espaços de lazer.
Conforme a fundadora esse espaço virtual é de extrema importância para rebater as informações negativas que são vinculadas na mídia. “A ideia de criar a comunidade surgiu pela dificuldade que tínhamos de lidar com os nossos filhos. Essa foi a minha forma de compartilhar a minha rotina com outras mulheres que estavam na mesma situação. A televisão mostra somente os piores casos de crianças com microcefalia e na verdade não é bem assim. O meu filho não se encaixa nesse perfil negativo que a TV retrata”, disse Fernanda.
No ano passado o vereador da Câmara Municipal de Cuiabá Ricardo Saad (PSDB) criou o Projeto de Lei N° 1034 que institui a ‘Semana Municipal de Prevenção e Combate à Microcefalia’, realizada na última semana no mês de abril.
De acordo com o Programa Municipal é uma medida para promover à prevenção e o combate à microcefalia através de conscientização da população com procedimentos informativos, educativos, organizativos e palestras direcionada a sociedade cuiabana, para que todos entendam melhor a doença.
Conforme a Vigilância Epidemiológica Estadual os casos de microcefalia caíram em 98% no ano de 2017 em comparação com 2016. Apenas um caso foi confirmado ano passado já em 2016 foram 66 incidências. Os números de levantamento da secretaria estadual de Saúde (SES) mostram uma acentuada queda na contaminação pelo Zika vírus. Os casos caíram de 24.803 para 2.515, redução de 89,8% entre 2016 e 2017.
O próximo passo de Fernanda é montar uma associação para levar melhorias às crianças e suas famílias. “Quero mostrar as pessoas que não precisam ter medo, podem chegar perto, são crianças normais que possuem apenas algumas limitações” finaliza Silva.