Problemas contratuais e insatisfação popular, principalmente de comerciantes e moradores afetados por interdições, perda de vagas de estacionamento e dificuldade de acesso ao comércio
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Ao completar 306 anos em 8 de abril, Cuiabá encara desafios históricos, agravados pelo crescimento acelerado e por uma infraestrutura que não acompanhou o ritmo da expansão urbana. Um dos principais entraves é a mobilidade, em especial as obras do sistema BRT (Bus Rapid Transit), que se arrastam há anos e impactam diretamente o dia a dia da população.
Apresentado como uma solução para melhorar o transporte público e reduzir os congestionamentos, o BRT ainda está longe de cumprir sua promessa. As obras enfrentam atrasos, trocas de modal (do VLT para o BRT), problemas contratuais e insatisfação popular — principalmente de comerciantes e moradores afetados por interdições, perda de vagas de estacionamento e dificuldade de acesso ao comércio local.
Congestionamento na região central de Cuiabá
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) tem acompanhado de perto a situação, cobrando prazos, transparência e melhorias no projeto. O deputado Lúdio Cabral (PT) defende a conclusão urgente do BRT e propôs o Projeto de Lei nº 1308/24, que prevê tarifa de R$ 1 como forma de compensar a população pelos anos de espera. Segundo ele, o sistema pode beneficiar até um milhão de pessoas entre Cuiabá e Várzea Grande, desde que finalizado com qualidade e justiça social.
O impasse é antigo. A proposta inicial, ainda na década passada, era a implantação do VLT, substituída pelo BRT após problemas técnicos e financeiros. O projeto, orçado inicialmente em R$ 468 milhões, teve R$ 117 milhões já pagos ao Consórcio responsável — cujo contrato acabou sendo rompido. A nova etapa inclui discussões sobre o fracionamento da licitação, proposta pelo presidente da ALMT, Max Russi (PSB), como forma de agilizar e dar mais transparência à execução das obras.
Para o deputado Wilson Santos (PSD), o BRT é necessário, mas não suficiente. Ele destaca que o sistema pode ajudar na integração entre as regiões periféricas e o centro, mas não resolverá sozinho os congestionamentos nas principais avenidas da capital. “Precisamos de novas vias, viadutos, trincheiras e de um plano metropolitano articulado entre Cuiabá e Várzea Grande”, defende.
Em maio, a Assembleia realizará uma nova audiência pública para avaliar o andamento das obras. A expectativa é que o BRT finalmente avance — com mais eficiência, menos promessas e mais entregas para a população.