“Virtude plusquam auro” é assim que está escrito no brasão de Mato Grosso:
“confiemos na virtude, mais que no ouro”, como muito bem grafou Dom Aquino
Correa. Cuiabá é Mato Grosso, explico: Cuiabá (Forquilha) nasce em 1719 e
Mato Grosso, em 1748. Por isso uso o lema do brasão do estado para reacender
a chama que fulgura em ambos os brasões e despertar a Fênix que repousa
sobre os mesmos. Cuiabá precisa de virtude, Cuiabá necessita de Amor…
Diz a sabedoria popular que para conhecer e amar alguém é necessário que se
coma um saco de sal juntos, então é necessária uma vida inteira. Atualmente,
fala-se em milhão pra isso, milhão pra aquilo e só não se ouve o som da
palavra Amor. Amor pela terra em que se nasceu, Amor pela cidade na qual se
vive e dela tira-se o sustento, enfim… Amor pela Cuiabá dos nossos filhos
e netos. A Cidade Verde precisa, sim, de dinheiro; todavia, necessita de
Amor de verdade. Como diz o cantor e compositor Peninha: “Quando a gente
gosta é claro que a gente cuida”. Não se pode mais conviver com o gostar,
com o amar por conveniência, chega do “Fala que me ama só que é da boca pra
fora”.
Mas é teu aniversário, minha querida e adorada Cuiabá, e em teu dia,
gostaria de falar-te, com palavras singelas, muito Obrigado por tudo:
Deste-me a sabedoria em Dom Francisco de Aquino Correa, fizeste-me poeta com
o lirismo de Ivens Cuiabano Scaff, ensinaste-me a simplicidade com o
professor Ezequiel de Siqueira, trouxeste-me a sensibilidade com Dunga
Rodrigues e o maestro China, vieste-me inteira na prosa de Pedro Rocha Jucá;
permitiste, com Dr. Agrícola Paes de Barros, que a medicina fosse meu
trabalho, contaste-me histórias nas palavras de Lenine de Campos
Póvoa; colocaste,
através de Benedito Sant’Anna da Silva Freire, em meus olhos o brilho dos
que fazem dos sonhos uma possibilidade concreta. Eis um pouco do muito que
veio a mim através de ti, minha Cuiabá. Não sabes o orgulho que carrego
quando digo “minha Cuiabá”, és minha e de todos que sabem da viola de cocho,
da paçoca de pilão, do rasqueado, da pedra 21, do tanque dos bugres, do
siriri e cururu, da carne com banana, do beco quente, e do beco do urubo,
onde nasci e cresci, do pacu na folha de bananeira, da Prainha, da alavanca
de ouro, do escaldado, do campo d’Ourique, do doce de caju,das cadeiras na
calçada, dos quintais sem muros e da manga chupada no pé…
Kiiaverá… Ikuiapá… Cuiabá… Rio da lontra brilhante… Lugar do (pesca
com) arpão… Por Amor a Cuiabá… Sim, Por Amor a Cuiabá e ao povo cuiabano
(nascidos ou bem-vindos) que acredito ser possível uma outra Cuiabá. A
Cuiabá das virtudes, do olho no olho, do respeito com o bem público, da
cultura e da tradição, da cidade verde, do muxirum, do rio Cuiabá vivo, das
crianças com saúde e boas escolas, da acessibilidade, da humanização do
trânsito, da Unemat aqui e da segurança para, de novo, colocarmos aúfa de
cadeiras nas calçadas…Parabéns Cuiabá, são 292 anos de belas histórias.
Guilherme Maluf é médico e deputado estadual pelo PSDB.