O governo Raúl Castro libertará 52 presos políticos, segundo anunciou nesta quarta-feira a Igreja Católica em Cuba. Cinco dos presos serão libertados nas próximas horas e poderão viajar para a Espanha em companhia de parentes. Os demais serão soltos ao longo dos próximos cinco meses. A medida representará a maior libertação em massa de prisioneiros cubanos em décadas.
Os detentos fazem parte dos opositores ainda reclusos do grupo de 75 dissidentes presos na repressão da Primavera Negra de 2003.
O governo tem estado sob pressão de libertar os dissidentes desde a morte em fevereiro do preso opositor Orlando Zapata, após 85 dias de greve de fome. O governo cubano descreve os detentos não como prisioneiros políticos, classificando-os de criminosos comuns ou “mercenários” trabalhando para os EUA.
O acordo para a libertação foi alcançado depois de negociações entre Rául Castro e o líder da Igreja de Cuba, o cardeal Jaime Ortega.
O anúncio ocorre em meio à visita ao país do chanceler espanhol, o ministro de Assuntos Exteriores espanhol, Miguel Ángel Moratinos, que previa reunir-se com Raúl nesta quarta, no último dia de sua visita a Cuba. Moratinos viajou à Ilha para apoiar os esforços da Igreja em mediar a libertação dos prisioneiros políticos.
Na terça-feira, Moratinos se reuniu também com o cardeal Jaime Ortega, que destacou que a visita do ministro “reafirmava a esperança” sobre a situação dos opositores presos.
Nas prisões cubanas, estão atualmente 167 presos políticos, 34 menos que no fim de 2009, conforme relatório da opositora Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN).
A visita do ministro de Exteriores espanhol, que não manteve contatos com a dissidência da mesma forma que em suas duas viagens anteriores, foi marcada também pelo agravamento da saúde do opositor Guillermo Fariñas, em greve de fome e sede há mais de quatro meses para exigir a liberdade dos presos doentes.
*Com EFE e AFP/U.SEG